Liberte meu coração
E quando acordei ainda podia ouvir a tua respiração ofegante, teu cheiro ainda estava em meu corpo.
Em meu castelo cercado por gramíneas e flores, por entre os galhos do pé de lichia que nascera embaixo da minha janela enquanto eu mordiscava a pequenina frutinha avermelhada podia ver teus largos passos em minha direção após sair de tua casa bem próxima ao meu castelo, na mesma rua.
Com o coração disparado, trêmula eu pensava. Ôh! Quão demorado a vinda de lá até cá, uns 300 metros pareciam ser 300 quilômetros! O aguardava com ânsia, desespero, queria já estar ao teu lado, te olhando, me embriagando com teu perfume vivendo nosso sonho, nosso querer bem um ao outro, nossas afinidades, nossa história de amor.
Acordei ainda sentindo o teu toque em meu sorriso, os lábios ainda ardidos dos beijos na madrugada, acordei olhei para o canto da cama, mas... Você não estava lá , você não esteve lá nunca esteve foi apenas um sonho. Não havia castelo pé de lichia em minha janela, não havia a tua casa nem a tua rua, não havia nada apenas eu, minha cama, uma noite inteira sonhando contigo o sonho mais doce, mais singelo, mais enlouquecedor.
Tens sido assim todos os dias todas as noites, sonho acordada sinto você tão aqui dentro de mim, tão vivo, tão louco de vontade tão meu!
Não quero dormir, não quero fechar meus olhos toda vez que fecho os olhos vejo você, você tão lindo, tão doce, tão exuberante como as flores da primavera, tão brilhante como as estrelas, Não posso mais te querer assim, você está me matado, morro cada dia ao amanhecer sem o teu bom dia, cada entardecer precede a eternidade do anoitecer pois sei que ao dormir sonharei contigo e na manhã seguinte me restarão apenas lembranças do sonho da noite passada.
Não quero mais ter este sentimento saia de dentro de mim, liberte meu coração, minha alma, minha vida. Estou morrendo, definhando como um tronco de árvore que seca ao sol, como a gota d água que evapora ao calor, como a folha que perde seu verde ao separar-se daquilo que lhe garante a vida e voa ao vento, quando se desprende de sua mãe, sua árvore, sua vida.
E mais um entardecer o sol findou-se no horizonte deixando seu brilho avermelhado ao longe até se deitar ao luar. Como implorei que o sono não chegasse! Que meus olhos não se deleitassem ao convite da madrugada.
E quando acordei ainda podia ouvir a tua respiração ofegante, teu cheiro ainda estava em meu corpo, a tua voz ainda ecoava em meus ouvidos como melodia de um poeta apaixonado, meus lábios ainda sentiam o ardor dos teus beijos quentes.