Saudades da minha adolescência

Quem hoje não sente saudades das festas da capelinha?
Saudades do tempo em que escolhíamos a dedo a roupa que íamos usar no Natal, Virada do ano, dia 6, dia 11 e dia 20 . Sim por que era um mês inteirinho de festas, começava dia 20 de dezembro e terminava 20 de janeiro . E o engraçado é que tínhamos dinheiro pra gastar o mês todo.
Saudades do tempo em que sentíamos prazer em ficar dando voltas na praça com o nosso grupo num bate papo saudável, chupando roletes de cana, mané veio e comendo pipocas.
Saudades de um tempo onde os pais dava dinheiro pro seus filhos tendo a certeza em que íam gastar, sem contar que quando chegavam em casa tomavam uma bronca por ter gasto todo o dinheiro nas barquinhas e não ter comprado nenhum lanche.
Saudades de um tempo em que ficávamos nas esquinas só observando a festa, não por medo de se misturar a multidão pensando que fosse ganhar um soco, uma garrafada ou até mesmo uma bala perdida, não, isso não existia naquele tempo. Nós gostávamos mesmo era de olhar os modelitos. A praça parecia uma passarela. Quem estava passeando com quem. Só curiosidade mesmo.
Saudades das barraquinhas dos lanches, das pescarias, dos jogos, onde ficávamos só torcendo por aqueles que jogavam, por sermos ainda adolescentes.
Saudades do pau de sêbo, do bumba- meu- boi.
Saudades da disputa pelas barquinhas de Seu Antônio, que pelo menos pra mim era a maior distração.
Saudades de um tempo em que só íamos pra casa quando a festa acabava, é, no cisco mesmo, sem medo de sermos abordadas no caminho.
Saudades de um tempo em que pela manha quando passávamos pela praça encontrava o chão forrado de bagaço de cana , saquinho de pipoca e casca de mané véio, como um sinal de que quem passou por ali gastou seu dinheiro naquilo que te dava prazer.
Saudades das dedicatórias oferecidas às pessoas que chegavam e que partiam logo após as férias, das canções de Roberto Carlos oferecidas aos corações apaixonados . Hojé é brega né? Mas quem viveu esse tempo lembra como causava emoções.
Qual o adolescente daquela época que não se lembra de seu primeiro kichute usado na festa? E as jovens com seu sapato cavalo de aço?
Qual o adolescente que não jogava nó de cana caroço de mané véio nas pessoas de lá de cima das barquinhas?
Quem daquela época não se lembra das noites em que dormíamos ao som das canções de Roberto Carlos saindo do auto- falante da esquina?
Onde foi parar aquela festa inocente? Será que foi embora junto com Seu Antônio das barquinhas? Será que foi varrida junto com os bagaços de cana? Ou será que enferrujou junto com o auto- falante da esquina que ficou esquecido no canto de algum depósito?
O tempo foi passando e as festas foram acompanhando o passar do tempo, hoje as festas estão ai, mas parece que o jovem e o adolescente precisa de um acessório a mais pra curtir a festa de hoje.
O jovem e o adolescente de hoje só precisa entender que Liberdade não é brincar com a vida, não é ser irresponsável nem inconsequente, é saber viver em sociedade respeitando o direito de cada um.
Fico triste quando ouço um jovem falar que vai na festa e vai tomar todas e voltar pra casa ¨pocado.¨

E o pior é que volta mesmo pocado, o bolso pocado, a saúde pocada, até o namoro pocado, é, por que ele ficou tão travado que a garota que ele tava a fim passou batida.
No outro dia contam isso como se fosse um FEITO.
Jovens e adolescentes, curtam a festa de hoje, mas curtam com mais qualidade pra que vocês daqui a 40 anos possam ter uma história pra contar.
A festa da capelinha de ontem não foi embora com Seu Antônio das barquinhas, nem varrida com os bagaços, nem enferrujou junto com o auto falante da esquina. Ela continua viva no cantinho da memória e no coração daqueles que viveram aquela época.
Compartilhe também um pouquinho das suas lembranças, aquelas que mais te marcaram e que te deixaram saudades!










































 
Élia Couto Macêdo
Enviado por Élia Couto Macêdo em 09/09/2013
Reeditado em 23/03/2015
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