ÚLTIMO TEXTO
Querido(a) leitor(a)
São horas de te reverenciar no átrio da minha escrivaninha. Tens sido de uma constância tão espontânea e tão pura ao visitá-la, que preciso libertar-me do receio de parecer ufano da obra e vir reconhecidamente cumprimentar-te e agradecer-te assim mais próximo, senão neste tão próximo da ausência, quando cinco anos marcaram minha presença aqui.
Não se pagam gentilezas com descortesias e eu sou instintivo e consciente. Se meus escritos tiveram boa fortuna de te agradar, isso encheu-me sempre de júbilo. Escrevo pra ti desde que comecei, sem te lisonjear, talvez, mas também sem ser insensível às tuas reações. Fazemos parte do presente temporal e, quer queira, quer não, do mesmo futuro temporal. Agora, sofro as vicissitudes que o momento me impõe, mas estamos irmanados na realidade contemporânea; mais tarde, seremos o pó da História, o exemplo promissor ou maldito, o pretérito que se cumpriu bem ou mal. Se eu hoje me esquecesse das tuas leituras e tu das minhas, seríamos ambos traidores a uma solidariedade de berço, umbilical e cósmica; se amanhã não estivermos unidos nos fatos fundamentais que a posteridade há de considerar, estes anos decorridos ficariam sem qualquer significação, porque onde está ou tiver estado um escritor é preciso que esteja ou tenha estado um homem leitor e nele a humanidade.
Ligados assim para a vida e para a morte foi bom, e não pelo acaso te fizeste gostar das letras e por elas haver chegado à literatura mediante a qual vieste a mim e eu a ti.
Apostar literariamente no futuro é um belo jogo. Um jogo de quem já se predestinou a vencer o presente. Uma vitória sem perdedor, pois é de todos a quem a poesia alcançar. E para isso nos lançamos mutuamente no campo onde está a bandeira universal. Ora, eu sou teu irmão, nasci onde tu nasceste, e prefiro chegar ao juízo final contigo ao lado, na paz de uma fraternidade de raiz a entrar lá solitário como um lobo tresmalhado. Ninguém é feliz sozinho, nem mesmo na Eternidade. De resto, algum poema que te agradou tem algumas possibilidades de agradar aos teus filhos e netos se assim me honrar a posteridade. E, se tal não acontecer, ficarei um pouco triste, mas sempre junto de ti, firme na consolação simples e honrada de ter sido ao menos um homem do meu tempo.
És, pois, dono como eu destes textos e, ao cumprimentar-te aqui na minha escrivaninha, não pretendo sugerir-te que os leia com a luz da imaginação acesa nem atrair o teu olhar para a penumbra de alguma simbologia. Isto não é comigo, porque nenhuma árvore explica seus frutos, embora goste que lhes comam. Para cada leitor um poema é uma metáfora, assim como a prosa parece-lhe uma parábola. Para cada interpretação juízo de valores.
Saúdo-te apenas nesta alegria natural, contente, saudoso e emocionado por ter construído uma ponte onde nossas condições se encontraram. Não me creio nem mais nem menos, pois não somos simplesmente quantidade. Isto me leva a reafirmar que, ao longo desse tempo, escrevi pouco e publiquei menos. Mas o prazer de escrever nunca foi menor do que o de ser lido e te ler também. Isto sempre implicou o mesmo cuidado e carinho para todos os gestos. Por isso, sempre prestigiei os que me leram nas mesmas proporções, correspondendo-os, sem, contudo, fazer disso a regra primeira de escrever e publicar. Tu, leitor, foste destinatário por via de quem minhas idéias alcançaram um infinito, quando o meu pensamento já não me pertencia e agora ainda sou o que soa a palavra no teu entendimento.
Deixo o meu afetuoso abraço a ti e a todos. Amáveis e queridos leitores, gente amiga, de alma, afinidade e inspiração; colegas da poesia e da prosa. Já havia uma previsibilidade para eu sair do site em 5 de novembro, quando expira prazo de minha assinatura. As circunstâncias me antecipam. Minha família, dois filhos pequenos, minha carreira cujo trabalho a partir de outubro demandará mais tempo e responsabilidades, enfim, meus projetos, neles incluída a publicação dos textos aqui postados e outros inéditos. Felicidades, sucesso nas investidas literárias, para a felicidade de todos e do Recanto das Letras.
Querido(a) leitor(a)
São horas de te reverenciar no átrio da minha escrivaninha. Tens sido de uma constância tão espontânea e tão pura ao visitá-la, que preciso libertar-me do receio de parecer ufano da obra e vir reconhecidamente cumprimentar-te e agradecer-te assim mais próximo, senão neste tão próximo da ausência, quando cinco anos marcaram minha presença aqui.
Não se pagam gentilezas com descortesias e eu sou instintivo e consciente. Se meus escritos tiveram boa fortuna de te agradar, isso encheu-me sempre de júbilo. Escrevo pra ti desde que comecei, sem te lisonjear, talvez, mas também sem ser insensível às tuas reações. Fazemos parte do presente temporal e, quer queira, quer não, do mesmo futuro temporal. Agora, sofro as vicissitudes que o momento me impõe, mas estamos irmanados na realidade contemporânea; mais tarde, seremos o pó da História, o exemplo promissor ou maldito, o pretérito que se cumpriu bem ou mal. Se eu hoje me esquecesse das tuas leituras e tu das minhas, seríamos ambos traidores a uma solidariedade de berço, umbilical e cósmica; se amanhã não estivermos unidos nos fatos fundamentais que a posteridade há de considerar, estes anos decorridos ficariam sem qualquer significação, porque onde está ou tiver estado um escritor é preciso que esteja ou tenha estado um homem leitor e nele a humanidade.
Ligados assim para a vida e para a morte foi bom, e não pelo acaso te fizeste gostar das letras e por elas haver chegado à literatura mediante a qual vieste a mim e eu a ti.
Apostar literariamente no futuro é um belo jogo. Um jogo de quem já se predestinou a vencer o presente. Uma vitória sem perdedor, pois é de todos a quem a poesia alcançar. E para isso nos lançamos mutuamente no campo onde está a bandeira universal. Ora, eu sou teu irmão, nasci onde tu nasceste, e prefiro chegar ao juízo final contigo ao lado, na paz de uma fraternidade de raiz a entrar lá solitário como um lobo tresmalhado. Ninguém é feliz sozinho, nem mesmo na Eternidade. De resto, algum poema que te agradou tem algumas possibilidades de agradar aos teus filhos e netos se assim me honrar a posteridade. E, se tal não acontecer, ficarei um pouco triste, mas sempre junto de ti, firme na consolação simples e honrada de ter sido ao menos um homem do meu tempo.
És, pois, dono como eu destes textos e, ao cumprimentar-te aqui na minha escrivaninha, não pretendo sugerir-te que os leia com a luz da imaginação acesa nem atrair o teu olhar para a penumbra de alguma simbologia. Isto não é comigo, porque nenhuma árvore explica seus frutos, embora goste que lhes comam. Para cada leitor um poema é uma metáfora, assim como a prosa parece-lhe uma parábola. Para cada interpretação juízo de valores.
Saúdo-te apenas nesta alegria natural, contente, saudoso e emocionado por ter construído uma ponte onde nossas condições se encontraram. Não me creio nem mais nem menos, pois não somos simplesmente quantidade. Isto me leva a reafirmar que, ao longo desse tempo, escrevi pouco e publiquei menos. Mas o prazer de escrever nunca foi menor do que o de ser lido e te ler também. Isto sempre implicou o mesmo cuidado e carinho para todos os gestos. Por isso, sempre prestigiei os que me leram nas mesmas proporções, correspondendo-os, sem, contudo, fazer disso a regra primeira de escrever e publicar. Tu, leitor, foste destinatário por via de quem minhas idéias alcançaram um infinito, quando o meu pensamento já não me pertencia e agora ainda sou o que soa a palavra no teu entendimento.
Deixo o meu afetuoso abraço a ti e a todos. Amáveis e queridos leitores, gente amiga, de alma, afinidade e inspiração; colegas da poesia e da prosa. Já havia uma previsibilidade para eu sair do site em 5 de novembro, quando expira prazo de minha assinatura. As circunstâncias me antecipam. Minha família, dois filhos pequenos, minha carreira cujo trabalho a partir de outubro demandará mais tempo e responsabilidades, enfim, meus projetos, neles incluída a publicação dos textos aqui postados e outros inéditos. Felicidades, sucesso nas investidas literárias, para a felicidade de todos e do Recanto das Letras.