Tudo O Que Eu Queria
Tudo o que eu queria era me arriscar, me arriscar a entrar nessa dança da qual todos falam, na qual todos riem, na qual todos sofrem. Acordei com essa vontade enorme de dar todo esse amor reprimido, que eu sempre guardei por covardia. Dar. Dar meu corpo, minha alma, minha essência, meu sangue – enquanto ainda ferve –, minha pele, dar a mim. Rasgar o peito escancarado, abrir os braços sobre a mesa e dizer “Vem!”. Conhecer e sofrer dessa entrega. Eu preciso penar um pouco! Ao menos uma vez. E você me vem com essa apatia?
Eu te escolhi já nem me lembro mais o porquê, talvez por ter dito que nosso beijo foi ruim e que meu nariz é grande demais, ter recusado me dar a mão ou ter ficado bem com a minha boina.
Mas eu já não sei, teu medo é imenso demais e eu quero morder a covardia, pôr de lado o tormento (“de um mundo atento a não perdoar...”), nós caímos nos parênteses, perdemo-nos neles, você é capaz de me entender?
O tempo corre rápido demais pra ficar no rola-ou-enrola, e você já abusou, tomou partido dessa dor tão vaga e prematura, dispensável. Não posso dançar sozinho.