Passageiro Sombrio

PASSAGEIRO

É sorrateiro e silencioso, lindo e misteriosa como a lua. Começa com um frio na espinha e atravessa a pele até a alma. Fecho os olhos um segundo, apenas o tempo de um piscar e quando os abro já não existo mais. Outro alguém ou outra coisa assume e me torno apenas um brinquedo na mão de algo maior.

A sensação é boa, de poder e controle total. Esse outro ser que existe em mim olha pro fundo da minha alma com desdém e sorri. Um sorriso irônico que diz: “Sentiu minha falta”. A criatura sabe que é melhor que o criador e nesse pequeno intervalo de tempo onde ele existe gera uma satisfação ainda não calçada em toda a minha vida até aqui. Não sei se ele é do bem ou do mau, é impossível sentir intensões em sua voz, há apenas um frio gelado quando ele rir e um olhar distante que atinge o mais fundo do meu ser quando ele me olha nos olhos.

Ele sou eu, porém eu não sou ele. Sou pequeno demais para existir naquele universo de mistério. É como ser possuído, no fundo eu ainda estou lá porem não tenho controle nem opinião, sou apenas um espectador dos meus atos, talvez nem sejam meus. Ainda que pudesse interferir não faria por que o passageiro (é assim que eu chamo) me conhece apesar de eu não conhece-lo. Ele sabe que existe nos intervalos dos meus medos, das minhas dúvidas da minha falta de fé. Eu preciso dele mais isso tem que acabar, me tornar um so comigo mesmo é a única forma de acabar com o vazio e ficar completo.

Shinoda
Enviado por Shinoda em 04/09/2013
Código do texto: T4465785
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