O descobrimento do fim

Eu amo você, mas entenda: não sou obrigada a gostar de verde porque você adora verde. Você não precisa amar poemas e também não precisa ler meus poemas amadores.

Mas eu gostaria que você os lesse, assim como você gostaria que eu adorasse verde.

Na época em que nos conhecemos você adorava rock e eu também, lembra? O rock era nossa religião. Você soube por alguém que eu gostava de um som pesado e veio falar comigo encantada. Hoje em dia você é mais indie e eu mais MPB. O que me faz pensar que, se nos conhecêssemos hoje, eu não veria nada demais em você. E virse-versa.

Mas eu seria outra pessoa se tivesse passado esses últimos anos sem a sua influência, e é essa tua influência que faz de mim alguém especial para você. Porque você vê algo de si mesma em mim e gosta disso. É tudo assim, puro egoísmo. Isso resume as relações humanas.

Mas acho que de uns dias para cá, não tenho estado tão na sua. Minha mente quer ficar sozinha, quer saber o que seria de mim sem você. Claro que talvez eu fosse um fracasso imensurável, mas uma parte de mim me faz ter essa curiosidade. Uma parte que não foi tocada por você todos esses anos.

Eu já existia antes de você e já vi lindos pores-do-sol sem a sua companhia. Não poderia jogá-los fora.

Talvez isso seja o fim, ou o começo do fim, ou algo do tipo. A única coisa que posso lhe garantir é que, durante os pores-do-sol em que você esteve ao meu lado, eu te amei. E durante aqueles poucos segundos em que encostei minha cabeça em seu ombro, meu amor foi eterno.

Raysla Lopes
Enviado por Raysla Lopes em 03/09/2013
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