O som da chuva
Era madrugada, a chuva caía, o vento soprava e meu coração tocava um som familiar, o som do amor, da saudade, das lembranças; inacreditável como um momento muda o rumo de uma história.
E entre um trovão e outro, um clarão se fez, como um flash de uma máquina fotográfica, acendeu "aquela" vontade, aquele desejo, aquele sonho e aquele oásis no meio do deserto, me enganou, me enganei, me frustrei, a sede continuaria, mas fazer o que, fazer o que se você não está aqui?
Queria ser inconsequente, sair na chuva, lavar a alma, acalmar meu espírito e com certeza limpar a mente, esquecer a distância, lembrar da sua presença, confundir o choro, enganar os olhos, com a água da chuva.
Fique, não vá embora, me molhe, me toque, leve embora apenas a saudade, a agonia, mas deixe aqui cada gota do seu suor, me deixe seu gosto, seu cheiro, seu sussurro em meu ouvido.
A chuva aperta, deito na grama e penso; penso; penso; como consegui ficar tanto tempo sem você? Onde estava todo esse tempo? Minhas roupas já estão molhadas, sou inconsequente, mas consciente dos meus sentimentos, sei o que quero, quem eu quero e como quero, penso nos seus beijos, na força que nos atrai, no calor que sinto só de te abraçar.
A madrugada avança, mas meu sono recua e se recusa a chegar, fecho os meus olhos, mas continuo te vendo, abro os olhos e continuo te vendo, estranho! curioso! fantástico!
E no meio de outro clarão, uma certeza se fez, como uma foto tirada, consigo ver o registro de um amor verdadeiro, o nosso.