Bagagem

Cada um com seu caminho.

Ou melhor... Cada um EM seu caminho, levando consigo sua própria bagagem repleta de lembranças, lições e histórias, que juntas, formam a vida. Cada um com suas dores. Levamos a vida de uma forma diferente. A enxergamos de uma forma diferente. A encaramos assim.

Como em uma viagem, escolhemos o que trazer conosco em nossa bagagem. E apesar disso, algumas coisas persistem em agarrar-se em nosso caminhar. Não aceitam ficar de fora das nossas vidas. Algumas outras se agarram às lembranças, nos fazendo em um momento ou outro oscilar na certeza de nossas escolhas. Existem coisas que nunca saem da nossa mala. Existem coisas que nem sequer usamos. Coisas que não precisamos, mas trazemos conosco em nossas bagagens. Pensamos que um dia vamos precisar e por isso guardamos, deixamos ali em segredo. Como uma forma de prevenção.

Ao longo da vida, fui percebendo que algumas coisas não faziam sentido. Algumas coisas só serviam para dar volume. Uma falsa impressão de que estava preparado para seguir viagem. Que não importavam as situações fizesse chuva ou sol, frio ou calor, estaria pronto para qualquer eventualidade. Ao perceber que estava despreparado, pude enxergar o engano que escolhi agarrar-me na esperança de viver uma vida estável e segura. Durante muito tempo, meu bem, eu vivi carregando comigo (em minha bagagem) coisas que julguei serem necessárias. VOLUME! Carreguei algumas lembranças tristes e doloridas na esperança de que elas me ajudassem a estar atento, na esperança de que elas me ensinassem o que fazer, sentir e ser. Me enganei. As dores precisam aprender, a saber, a hora de ir embora. Nós precisamos saber disso. Precisamos entender a hora de trocar de bagagem, a hora de separar o-que-precisamos-do-que-queremos..

Eu vivi grande parte da minha vida farto de coisas sem algum significado presas a mim. Errei por confundir várias vezes felicidade com sorrir, preto com cinza, ser com parecer. Não entendia que para errar eu não precisava viver me enganando. Erros fazem parte dos nossos acertos. No entanto, eu entendia que vivendo às sombras o sol jamais me alcançaria. Senti que poderia fugir. Bobagem! As sombras andam conforme o sol. E eu uma hora ou outra seria alcançado por ele.

Eu mesmo já mudei de tamanho várias vezes. Cresci, avancei e depois regredi, venci e depois perdi. Achei. Ganhei. Encontrei e descobri que como acontece em mim, acontece também em minhas bagagens, já foram maiores, bem menores e quase não as tive. A gente cresce e muda se reinventa a cada novo passo dado e aos poucos, vamos deixando pelo caminho aquilo que um dia fez parte da nossa bagagem, da nossa vida.

Reges Medeiros
Enviado por Reges Medeiros em 18/08/2013
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