Nada mais que palavras
Malditas esperanças! Malditos sinais! Por que tem que ser a esperança a última a morrer? E justamente quando o amor - de uma das partes - já acabou? Ou nunca existiu? Queria eu poder me apegar à ideia de que realmente esse amor foi uma farsa. De que esse amor jamais existiu! De que não me senti mais vivo enquanto ainda tinha em meus braços, compartilhando do mesmo abraço, quem tanto amei. E amo! Amo muito! Queria eu não pensar em cada um daqueles doces momentos, permitindo a queda dessas tão amargas, dolorosas e pesadas lágrimas. Queria eu ser mais forte, deter mais coragem; e desistir. Não da ideia de amar. Mas da sensação de que ainda há volta. Quando amamos de verdade tudo fica pequeno, tudo perde o sentido. O amor? Esse ganha proporções que nos fazem chegar longe. Alcançar o infinito. Tocar as estrelas. E pensar em insistir mais um vez. Tentar, pela milésima vez. Quando amamos - de verdade, por favor! - a palavra "desistir" não faz mais parte de nosso vocabulário. O verbo "esperar" se torna o pior de todos. E, apesar de estar com o coração partido em mil pedaços, juntamos justamente os ainda sadios para tentar alcançar o inalcançável. Quando vemos que esse alguém partiu para novos rumos, fez novas escolhas, é ainda pior. Porque é aí que nos perguntamos até que ponto vale a pena. Sofrer, sonhar, insistir. Amar! Amar a pessoa; ou amar as lembranças? Sentir-se feliz por saber que cada uma delas existiu, ou infeliz ao lembrar que talvez não mais se repitam? O amor e seus dilemas. Sem teoremas. Já que o amor não é um cálculo exato. E nem sempre, por mais que seja o que mais queremos, conseguimos alcançar o resultado desejado.