Pedaço
"...Quero lhe dizer também, Maria, que minhas risadas me enchem de mim. Mas me esvaziam alguns segundos depois, com poucos e mínimos vestígios de bem estar. Meu sorriso ultimamente tem me doído o rosto, e minha face entristecida também.
Espero não estar virando um meio termo entre ser triste e ser alegre. Será que estou virando poeta?
Quero lhe contar que de agora em diante encurtarei meus passos e alongarei meu corpo pra poder atingir a altura que quero pra ver a infinitude do meu mundo e de todos que me rodeiam - de cima! E aí me abaixarei pra pegar migalhas do chão, como os pombos, entende? E continuarei olhando, olhando...Só olhando. Gosto de observar. De admirar. Admirar aquilo que me prende os olhos, o corpo, a mente - me prende. Que me invade sutilmente: A beleza, qualquer beleza.
Espero que, então, meus braços sejam largos o suficiente para abraçar aquilo e aqueles que me tomam e tocam, como você. Não esses nossos braços propriamente ditos, de carne e osso; até porque já estou dando um jeitinho de abraçar por palavras. Mas shh, não conte à ninguém!
E olha, que minha inspiração se alongue, prolongue da mesma forma, para poder guiar-me pelas palavras no meio da penumbra que somos nós de vez em quando, né?
Ai, Maria... Agradeço os dedos seguindo cada linha, e agradeço o entendimento que sei que houve aí do outro lado. Me oriento por aqui enquanto você não volta, e você, se desoriente por aí enquanto fica.
Carinho, Carinho,
Sempre Carinho.