Carta ao mundo
O que faço eu em você, mundo sombrio?
Onde padece a ilusão utópica do ser, onde a primavera floresce papoulas capadócias? E a quimera acaba,
e a paz sucumbe. Ó mundo,o que reservas para mim?
Sou eterno dependente do seu movimento, sou tétrico perante a sua divina existência, mas, creio no Pai da sua perfeita criação.
Ó mundo de anões valentes e gigantes covardes, por que larga-me jogado às traças no covil de ladrões amargurados pelo bom azar e conformados com a má sorte?
Mundo, joga-me no seu peito, para que eu possa sentir o calor do sol que te queima.
Na sua translação me encontro inerte, na sua rotação, abro a cova derradeira da esperança. Todavia, quero a bonança do êxodo espalhando miscigenaçôes nos seu quatro cantos.
Ó mundo, permita-me mais um ósculo na sua paisagem sombria do firmamento. Permita-me conformar com as suas reviravoltas, porque
apesar dos pesares, eu ainda te amo.