Sou eu fazendo algo
É muito fácil querer que as coisas simplesmente aconteçam. Seria cômodo se eu tivesse tudo o que você precisa, e queira de um homem. Gostaria muito, se ao me rever, numa próxima vez, fosses capaz de reconhecer todas as qualidades, não só defeitos, que estão ocultos nesta, talvez frágil, aparência. Mas não é assim que as coisas são; sou eu quem está apaixonado nesta conversa; sou eu quem viu a minha alma sair de mim e ir esconder-se fora do meu coração; sou eu quem sofre com tua ausência; sou eu quem sente a tua falta; sou eu quem está se arriscando; sou eu quem está sozinho. E ao perceber o quanto esta tua indefinição me deixa neste estado de abandono, lamento tudo: este tempo que não passa, este sono que não vem, as mulheres que eu não quero, e o pior: o teu silêncio, que disseca qualquer expectativa de sucesso entre nós dois. Confesso e reconheço: fui eu quem te procurou; você estava bem sem mim, e sabemos que nos é possível vivermos um sem o outro. Mas não é isso que eu quero, não é isso o que eu preciso. Não sei como julgas tais palavras, contudo as reescrevo: te quero, te preciso. Dizer-me-á tua boca que não tenho chance? Ou que tudo depende do tempo? Pois direi, se nosso 'encontro' depender do tempo, eu espero. Porque te gosto. Porque (sem saber muito bem por quê), confiarei se me disseres pra te esperar. Mas, se existe algo que eu precise fazer, diga-me, e o farei por mim, por você, por nós dois.
28 de janeiro de 2001