A E-MAIL DE UMA AMIGA
NO INÍCIO DA MADRUGADA DE 28 DE JULHO DE 2013.
Recebi,agora pouco,este e-mail, de uma amiga querida:
“Saudade...
Amiga mais que amada,
que saudade de você!... Seria possível nos encontrarmos qualquer fim de semana desses?
Um abraço com todo o meu amor,
T.”
As mulheres, com raríssimas, quase nenhuma exceção, gostam muito de mim, confiam de verdade em mim, por isso eu gostaria, se tivesse neste momento alguma força, de responder à minha amiga com as seguintes palavras:
T. querida, este bicho de toca não sabe o que te responder. Este bicho de toca não sabe mais como enfrentar o sol nem a lua pelo lado de fora da toca. Só consegue dizer que te ama também, amiga, que fazes parte do pequeno, fiel e neste momento totalmente desarvorado (com relação a esse ser que ainda responde com meu nome) exército de seis mulheres – sete, incluindo minha mãe. Exército fiel, mas desarvorado, que minha guerra devo e preciso travar sozinha, no fundo da alma, porque não há como partilhar o horror, a agonia, as perplexidades dessa guerra que se trava em mim. Nenhum analista daria conta de tanta perda, de tanta dor, de tanta paralisia da vontade. Confio-me ao Deus dos cisnes, eu que, apesar dos ferimentos tão graves, não quero morrer nem quero que dancem minha morte. Tu, que foste bailarina, sei que podes entender esta dolorosíssima metáfora. Espera por mim, amiga; espera por mim. O mesmo devo dizer às minhas outras cinco guerreiras (uma delas, aquela que tem sido, há mais de uma década, nosso anjo da guarda encarnado, agora em terribilíssimos apuros); – seis, incluindo minha mãe.
Isso é o que eu responderia à minha amiga, hoje, se lhe conseguisse responder. Sei que alguma resposta preciso lhe dar. Dormirei. Amanhã devo encontrar alguma palavra para dizer. Bem... amanhã já é segunda–feira. Melhor encontrar alguma palavra ainda hoje, para não deixá-la mais aflita do que já está.
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