O INCANSÁVEL RELUTANTE
Não sei o que me atrai a essa estrada,
Talvez seja apenas pelo vento,
Que no início parece acariciar minha pele,
Mas é apenas naquele momento.
Pois tão logo eu sigo,
Esbofeteia-me, arrancando de mim a lágrima,
E ao ver que não desisto,
Seca-as, gravando em meu rosto as tuas marcas como um magma.
Talvez sejam as curvas que me desviam a atenção,
Mas ainda assim, eu sigo...
Há um horizonte à minha espera...
Apenas ele...
Quem mais?
Quem me dera!
Não há pensamento em voltar,
Nada deixei pra traz,
Restam-me apenas lembranças,
Nada, nada mais!
Se alguma parada me é obrigatória,
Eu simplesmente a obedeço,
Mais nada me faz desviar de minha trajetória.
Sigo, inda que rumando ao deserto,
Se as noites frias me esperam,
E o amanhecer já é escaldante,
Inda assim vou-te ao encontro,
Pois sou um incansável relutante.
Gomes