NOSSAS DECISÕES

Nossa decisão pessoal não depende do impulso do Outro, justamente por se tratar de algo tão intimo. Porem, às vezes, a forma como o Outro nos coloca nos ajuda a refletir melhor e de algum ângulo que não nos é percebido.

Penso muito na colheita – que se remete a necessidade do plantio, pois sem ele não há frutos.

Eis que no desejo, num passe de mágica surge a semente a nossa frente.

E agora:

Desprezá-la ou torná-la fecunda?

São escolhas que fazemos ao longo de nossas vidas... E se desejarmos, toda semente será fecunda.

Se, desprezá-las nunca saberemos quais frutos virão...

Se adubá-las estaremos de frente com o fruto, às vezes nem tão doce, às vezes nem tão amargo, mas saberemos que plantamos.

E a orientação - tão divisora de águas na vida de tanta gente nos coloca em algum momento diante do dilema das tomadas de decisões.

O que significa “tomada de decisões”?

Não nos damos conta que na maioria das vezes as decisões já estão tomadas e apenas não temos coragens de assumi-las.

E como desbravadores dos mares, desbravadores das estradas, desbravadores dos ventos, em cada tomada de decisão respiramos o sabor de recomeço.

Se, por um lado, ao recomeçar nos deparamos com o desconhecido, por outro lado nos afastamos daqui que já nos é conhecido...

Mas o tempo chegou e é preciso nos desacomodar.

Ha de se ter consciência de onde queremos chegar, estar, ou ficar.

Será que daqui ha algum tempo tudo poderia ser melhor?

E o que a vida nos cobrar diante do agora, se não for tomadas de decisões para o amanha?

Os resultados vêm silenciosamente assim como a semente que também silenciosamente vai brotando da terra - e num passe de mágica por meio do tempo vai-se germinado o broto, transformando-se em fruto preparando-se para a colheita...

"debaixo do céu há um tempo para cada coisa!"

Nesse tempo de buscar, “é o agora ou nunca” - pois é no presente que se planta o futuro.

E o futuro esta nas leituras que você faz, nos valores que abraça, nos amores que você ama que determinarão sua colheita futura.

De que estabilidade está precisando então?

Financeira?

Emocional?

Social?

Profissional?

São tantas as estabilidades necessárias que parece impossível alcançá-las todas ao mesmo tempo. E nenhuma dessas estabilidades pode andar separadas umas das outras - muito embora por uma dessas causas precisemos fazer abandonos.

E nas tomadas de decisões, o que nos custa, nunca é a decisão em si, e sim os abandonos que precisamos fazer.

E de repente, nos sentimos preguiçosos para assumirmos esses abandonos. Muitas vezes o que nos custa é o abandono de nós mesmos.

Por outro lado, sem cultivo, a vida não nos é real – sementes de hoje, frutos de amanha e os frutos de hoje nos darão as sementes do amanha.

Junte o tempo atual e faça uma analise do que te é seguro aqui, e o que você terá de real por lá. E o que te oferece segurança, lá estará o teu futuro aqui?

Olhe os Teus, e veja o que te pedem, mesmo que se fechem muitas vezes em silencio. Olhe para você é veja o que mais te preocupa amanha.

Veja o que é possível conciliar entre o desejo e a necessidade. Junte o par – conversem sobre realidades, fantasias, sobre o presente, e que nesse consenso encontrem a melhor decisão.

Nos momentos de tomadas de decisão não nos basta um “tu que sabes”.

É preciso muito mais. É preciso – um “estou junto nessa caminhada". Seguindo ou ficando - tenham juntado a certeza que é o melhor caminho, mesmo que não se saiba que é por aqui que se vai pra lá.

Há varias formas de distância, e por mais que pareça, a distância tem duas linhas paralelas, e toda paralelas, nunca se encontram - uma para aproximar-se e a outra para afastar-se.

Às vezes, estamos tão juntos que não percebemos a distância - outras vezes, estamos tão distantes que nos percebemos juntos.

Nossos entes nos são tão sagrados, que por eles mesmos, talvez os abandonos se façam “o melhor presente”.

Apaixonamos-nos, e somos por si só apaixonantes - e por tantos motivos não nascemos para ficar sozinhos. Precisa o homem, precisa a mulher, precisa-se do sexo, do toque, do colo, do amor, das brigas, das brincadeiras, precisamos nos sentir vivos, amados, cariciados, desejados.

Precisamos acima de tudo isso, num momento de decisão que as responsabilidades nãos nos recaia sobre uma única sentença - a da condenação.

Precisamos da segurança de que o Outro esteja junto, não para condenar o que deu errando, mas para que nos aponte onde podemos melhorar, antes mesmo do erro, e quem sabe se melhorarmos possamos nos encontrar no mesmo lugar.

E assim sabemos que já não se trata de tomar decisões ou fazer abandonos. Trata-se de acharmos alguém queira por inteiro nos desacomodar.

Com a certeza que é por aqui que se vai pra lá.