A CARTA DE AMOR
A carta de amor é o ninho, onde em devaneios os sonhos se encartam...
Em cada milímetros de linha, em cada vírgula que respira, em cada ponto que separa, há o infinito da sedução regada com o sabor do desejo.
E essa missiva, como sacerdotisa na natureza, silenciosa reserva nas entre linhas um amor escrito em prosa... E ele, o amor, escrevente muito embora ainda passivo, observa o Outro, a lhe dar sentido.
Se todas as cartas são fechadas, com lacres fundidos, as de amor ficam exposta, nem sempre entregues, muitas vezes esquecidas.
E ela, como imperatriz, sem domínio de si declara a paixão sem as papas de sua língua.
E ele, imperador, pivô de tantas palavras, insensível, narcisista, a lë, e se atribui essa falácia...Imaginando-se o príncipe daquele conto de fadas.
As cartas tem o peso que o escrevente lhe deu, mas, o destinatário só a decifra se lhe correspondeu...
Não com um olhar, ou com um sorriso alentador... pois é preciso que ele lhe responda a missiva, com outra carta de amor..
O peso das palavras, cravadas no papel é algo significante, somente se autoriza desenhar belas palavras diante do exagero do amor.
Albertina Chraim