SUBJETIVIDADE TRANSCENDENTAL

Registro a comunicação intertextual, perfeitamente dentro do espírito do livro “O IMORTAL ALÉM DE SI PRÓPRIO”, ora em gestação, sempre imaginando que o seu conteúdo poderá ser útil ao receptor:

“Feito árvores que não produzem frutos – mesmo que aparentemente catalogadas como frutíferas – ocorrem situações de conteúdo e forma em que a peça está apresentada em versos, porém que de Poesia nada contém, por falta de linguagem codificada, característica da Poética. São meros versos, sem a presença da poesia e seus entornos... Cada qual com a sua linguagem e seus signos referenciais. Comparáveis, analogamente, à mulher incapaz de gerar descendência, pousando o amor de amar nos olhos das crianças de dentro dela. A beleza se instaura mais além, no olhar tristonho das frustrações. E beberá o maná para sempre no olho d’água límpido das outras. Sempre fugindo ao rigor das tempestades de areia sobre o andarilhar necessitado de águas e abrigo. Perdido no deserto, o oásis sofrendo a cada vento...”. Joaquim Moncks, in “O OLHAR ESTÉRIL”.

– Do livro A FABRICAÇÃO DO REAL, 2013.

http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/4352152

– por e-mail de 21/06/2013:

O que é a verdade no plano vivencial? Seria a intencionalidade da consciência? Se for essencialmente subjetiva e alheia à ciência, faz-se necessário vinculá-la ao tempo e à intersubjetividade. Seria o “eu transcendental” produto de uma descoberta e de uma conquista? Tudo isso nos leva a refletir sobre a Palavra, produto das emoções e experiências acumuladas ao longo da vida. É através da palavra que o homem revela seu verdadeiro Eu. Cada palavra é um microcosmo da consciência humana, em que o poeta, especialmente ele, transfigura-se e revela todas nuances de sua história. Por vezes é no verso de um poema: versos nus, despidos de intenção, mera intuição do talento, sem rima ensaiada, sem clima e sem efeito planejado, que ele se pronuncia. É no silencioso poema de um verso estrangulado, mas grávido de desejos, que o poeta projeta-se do inconsciente, indolente e sem amarras, no mar da fantasia. Versos que encantam a madrugada ou a esterilidade de um sonho, e morrem abraçados na letra de uma sinfonia, que transcende a própria dor inconsciente, que deveras... ele sente! Marilú Duarte.

– por e-mail, em 22/06/2013, 09h31min:

Estimada Lu! Seguem os nossos textos, prontos para a devida publicação no Recanto das Letras, em minha página, em coautoria, certo? Coloquei o título por ti sugerido como identificação de nosso diálogo literário. Ficou bom? Ou teria ficado melhor intitulando o teu estudo textual? Acho que ele se ajustou bem. Dei uma revisada leve no conteúdo... Entendo que o final mereceria uma pequena revisão, a fim de buscar um maior realce e fecho literários. Acho que, desta vez, em vez do transe inspiracional, poderias abrir o canal numa mais funda intelecção, porque a primeira parte está ótima, depois perde conexão e fôlego... E, acompanhando o nascimento de nossa obra conjunta, me apercebo de que o espiritual da "Autopsicografia", do Fernando Pessoa, está muito repetitivo nas tuas abordagens... Ocorre em vários momentos, nos textos. Acho compreensível, porque este é o veio dos alter egos, fenômeno humano do qual tu bem entendes... E, por esta especial razão, estamos levando adiante esta parceria de psiques. Está na hora de começar a ler tudo o que escreves num fôlego de talento e espontaneidade, para aquilatar os conteúdos e identificar um possível estilo: a individualização sistêmica do que escreves no universo dos teus entornos de escritura... Que tal pedir a uma colega de exercício da ciência da psicologia – talvez aquela jovem senhora que conheci no lançamento de teu livro e que foi tua colega de estudos na formação acadêmica... Percebo que ela tem afeto por ti e poderiam formar uma boa dupla pra avaliar – sob a ótica da psicologia, o que está sendo produzindo com enfoque e fulcro na escola psicoliterária... O que achas destas observações e possibilidades? Não devemos ter muita pressa. Podemos, neste primeiro momento, deixar pronto e acabado o texto para a revisão final, quando o livro estiver adiantado, com umas cem páginas, aí já vamos tirar uma primeira cópia, com os textos em ordem alfabética... Abraços do poetinha JM.

– por e-mail de 22/06/2013, 11h08min:

Amigo Moncks. Acho que Fernando Pessoa, nunca esteve tão presente em minha vida como agora. Soma-se a tudo isto os versos tão sofridos de Camões, a minha amizade com o amigo português Laureano, do Canadá, e o recente estudo sobre a obra do pelotense Lobo da Costa, que morreu em 1888, e, como todo verdadeiro poeta, está mais redivivo do que nunca. Tudo isso me fez regredir e projetar neles as figuras significativas do meu passado, que já não se encontram mais aqui. Tudo isso, somada a tua proposta de “ensaio”, algo muito novo e ao mesmo tempo assustador, que de certa forma mexe com minhas emoções mais recentes e sofridas. E estas certamente colidem frontalmente com a resistência natural de quem se escondia no casulo do anonimato para não ser vista (ou revista), e eu possa estar me tornando repetitiva, sem um fundamento mais intelectualizado, objeto desse estudo. É óbvio que não é fácil para mim, com tão pouco tempo de formação na área da psicologia – embora uma vida inteira de derramamentos da emoção – abraçar intensamente esse veio intelectual. A colisão frontal com a resistência é perfeitamente normal, porque a criança que em mim existe é extremamente impulsiva e autêntica, ao ponto de não ter a maturidade suficiente, ainda, para uma releitura. É perfeitamente admissível que este emaranhado de sensações, interrogações e expectativas diante do Novo, venha a colidir frontalmente com esse mundo quadradinho, normativo e extremamente organizado, mesmo que criativo, até então desconhecido para mim. É como se eu fosse a ‘chapeuzinho vermelho’, indo ao encontro da vovó, sabendo o que me espera, e ao mesmo tempo desafiando o inusitado, na esperança de reencontrar o tesouro perdido, o qual certamente está concentrado nas figuras significativas da infância. Abraços e obrigada, por me confiares teus textos tão profundos e verdadeiros e tuas intervenções tão equilibradas e extremamente terapêuticas. Marilú.

– Do livro O IMORTAL ALÉM DE SI PRÓPRIO. Joaquim Moncks / Marilú Duarte, 2013.

http://www.recantodasletras.com.br/cartas/4363448