RJ Rio de Janeiro Junho de 2013
Ano da Graça da Copa das Confederações.
Caro senhor carteiro:
Não tenho como saber seu sexo. Talvez seja uma senhora, talvez seja senhor, não tenho como saber. Não tenho como saber sua idade, talvez na casa dos trinta ou menos, talvez na casa dos quarenta ou mais, não tenho como saber. Sei que qualquer que seja sua idade e sexo você trabalha pesado, literalmente pesado. Sentado na praça vejo colegas seus passando. Tento calcular o peso da enorme bolsa que carregam pendurada no ombro e fico admirado que ainda consigam equilibrar na mão mais um monte de envelopes e pacotes. Se é você que carrega na pesada bolsa ou equilibra na mão essa minha carta fique a vontade para ler. Ela é destinada à você. Agradeço por você trazer minha correspondência e pacotes, e peço desculpas por adicionar mais peso ao seu ombro. Tenho certeza que se eu perguntar como está sua coluna a resposta será dolorosa. Não vou perguntar pelas dores que o senhor ou a senhora sente. Sei que sentem. Quero fazer uma pergunta sim, na verdade duas ou três perguntas:
O senhor, ou senhora, é do tempo em que as pessoas ficavam a esperar no portão por aquela cartinha manuscrita?
Quanto tempo faz que o senhor, ou a senhora, entregou uma cartinha manuscrita?
O senhor, ou senhora, é do tempo em que os carteiros só temiam ser mordido por cachorros, ou é da geração de carteiros que teme ser, ou já foi, assaltada por bandidos procurando por cartões de crédito?
Eu não quero que o senhor, ou a senhora, se atrase na entrega dessa montanha de correspondências lendo minha carta digitada. Termino renovando meus agradecimentos pelos serviços prestados pelo senhor, ou senhora.
Atenciosamente
Luiz Vieira Costa Neto.