SENSIBILIDADE OU INTELIGÊNCIA PARA O ATO DE ESCREVER?
“A gente insiste em querer tirar da cabeça o que está no coração...”
MDias, via Recanto das Letras, em 03Abr2007.
Marisa, amiga muito amada! Perdão, mas não concordo com a afirmativa acima referenciada.
Esta é a posição do diletante, daquele que não tem compromisso com a literatura e faz, apenas, confessionário, ato pessoal pensando em passar o tempo, ou rasgar-se aos seus próprios olhos, para o seu deleite ou minimização da ansiedade das perdas, etc.
Escrever é ato cerebrino, em que a transcendência do real se dá pelas metáforas e palavrinhas em seu vestido de festa, formalmente, em ato para o coletivo, solidário.
É certo que, numa visão simplista, o coração – que representa a sensibilidade – é quem fala, porque sensível e capaz para observar a linguagem pura desta voz cruciante.
Também pensava mais ou menos assim há cerca de 20 anos: enclausurava tudo nos invólucros da sensibilidade aflorada...
Na atualidade, estou convencido de que não é necessária a tal SENSIBILIDADE para escrever aquilo que pertence ao coração metafórico.
Após trinta anos de criação poética e literária em geral, insisto que realmente é necessário ser inteligente para perscrutar a SENSIBILIDADE DO LEITOR.
Isto é o que importa: traduzir com inteligência o que está no coração...
Grato pela tua visita ao Recanto das Letras e por esta, que serviu de mote para um assunto que interessa aos criadores literários.
– Do livro CONFESSIONÁRIO – Diálogos entre a Prosa e Poesia, 2006 / 2007.
http://www.recantodasletras.com.br/cartas/435655