HORAS DE SONHAR
Dias negros.
Solidão.
Desespero.
Um nó apertando a garganta, sufocando a alma.
A amargura, a desesperança.
Há quem não deseja desaparecer por instantes, por dias, ou por anos?
Mas tudo passa, o nó que aperta lentamente desata, as lágrimas secam.
A alma livra-se dos conflitos e os lábios se abrem num sorriso.
O sorriso espontâneo, todo o ser vibrando.
Como é bom confiar nas pessoas, como é melhor ainda ter em quem confiar.
Como é bom ter consciência de que existe alguém que nos incentiva a voltar a acreditar.
Alguém que diz: “Vamos caminhar juntos, nós nos ajudaremos mutuamente”.
E o passado vai ficando cada vez mais longe, vai quase se perdendo na névoa do tempo.
E o descrente, o desesperado, o pequenino ser que desaparecia torna-se quase um ser sublime!
A alma vai ficando grande, grande; tão grande que parece não haver mais espaço no corpo para ela.
Horas de pesadelo tornam-se horas de sonhar.
A embriagues da felicidade, do amor!
A loucura, quase!
São Paulo, 16 de fevereiro de 1976