Para que nunca se esqueça de mim

Escreva-me quando o vento tiver derrubado as folhas das árvores e o inverno se aproximar de sua varanda, mostrando que o céu agora está encoberto e nenhuma lua será avistada.

Escreva-me quando assistir àquele filme na TV e alguma cena lembrar o que foi esquecido, guardado no pó da história, que não é removido enquanto a casa da memória não for ventilada.

Escreva-me quando sentir a indiferença das pessoas, que nunca ouvem o que você diz e apenas manipulam sua presença no jogo daquela permanência abstrata de imagem emoldurada.

E se não tiver nada de particular para dizer, não se preocupe que saberei entender. Já vai me bastar saber que você pensa em mim por um minuto, que ausência foi notada.

E se os dias se arrastarem e você não quiser esperar pelas noites, se tiver vontade de contar a alguém que sua alma está novamente apaixonada, escreva-me, simplesmente, mais nada.