Ao (des)conhecido
Desde a primeira vez que vi você, senti algo diferente. Não sou da turma que crê em amor a primeira vista e o que sinto não é amor ainda, claro. Mas é algo especial, diferente e que supera a linha da atração. Acho que é o teu jeito inocente. Talvez ingenuidade minha ou sua, não sei.
Pude confirmar todos os meus achismos, depois de algumas conversas. Nas quais, você me provou certa maturidade em alguns assuntos. Por outro lado, seu lado criança ainda fala mais alto. E confesso: isso me mata.
É tão difícil encontrar pessoas com essa inocência doce e sedutora. Só queria que ao menos uma vez na vida, as coisas fluíssem como desejo. No entanto surgem as paranoias e os deslizes de conduta: o medo. Não de arriscar e sim de se frustrar nessa sucessão de erros que é a vida.
Vivo em constantes dilemas. Sempre procuro o mais difícil. Eu e você seríamos algo tão avassalador... sinto isso. Sendo que as possibilidades de tentar me acorrentam em incertezas que me dilaceram o peito. O pior pode acontecer e não estou sendo pessimista.
Até quando e onde essa história vai? Sim, eu sei. Até surgir alguém melhor ou que se iguale a você. É o ciclo que me habituei. É a rotina que me fadiga. É a falta de autoridade e coragem a que me fartei.
Sou um complexo inesgotável de dúvidas e situações vividas pela metade.
Sou uma constante fraude de mim mesmo.
Ando por ruas estreitas demais e quando consigo sair, me vejo em espaços ainda mais reduzidos. É assim que me encontro agora. Praticamente perdido. Não feito louco apaixonado, mas feito um homem de coração calejado das dissimulações. Que se conforma burramente em ver as pessoas passando e indo embora com o tempo. Que fraqueja e titubeia ao ser questionado quando o assunto é amor. Que se mascara do pior monstro na tentativa de esconder seus sentimentos. E, que enfim, não vive.
Sem ter pra onde fugir, vou me isolando. Porém, é no silêncio que me descubro. A bola da vez ainda é você, meu íntimo me revela isso. Mas cadê oportunidade? Cadê coragem? Cadê você, aqui e agora?
Prestes a desistir, vou relutando até onde minhas forças podem sustentar-me, na vã esperança de que você me procure e diga: "Estou aqui."
E como sei que você não vai me procurar, essas confissões de um semi-adolescente estão sendo encerradas. Agora e aqui. Desculpe-me.