Sobre um amor ainda não classificado
Tem você na escrivaninha, e tem você no meu álbum de fotos. Tem você entre meus cadernos e entre meus pensamentos. Tem você no meu jeito de andar e no meu tom debochado de falar com as pessoas. Tem você na minha solidão e na minha antissocialidade. Tem você nos meus poucos momentos felizes, e, nos meus momentos tristes e insanos... Nossa! Tem muito, muito você.
Precisei sair da minha zona de conforto, que era, diga-se de passagem, estar perto de você, para perceber que não sei mais lidar com o resto do mundo. Porque o resto do mundo não é você.
Você tem a juventude e a beleza sempre a seu favor, eu não tenho nada além das migalhas que você deixa cair. E eu estava acostumada com isso porque você me bastava, então, por quê me importaria com algo mais?
O meu mundo desabou quando percebi que nada disso era recíproco, eu não era o suficiente para você, jamais seria. E isso doeu bem mais do que pareceu.
Agora te peço apenas que deixe-me ir. Deixe-me aprender a ver a parte do mundo que não lhe pertence. Deixe-me encontrar personalidades em mim que não tenham suas digitais.
Eu amo você. E se tenho ciúmes é por causa desse egoísmo insano fazendo-me acreditar que ninguém poderia amar você como eu. Ninguém poderia cuidar de você como eu cuidei todos esses anos. Ninguém te ouviria e teria as respostas certas à todas as suas perguntas sobre o mundo ou algo mais e ninguém mais conseguiria te fazer sorrir tanto depois de um dia difícil.
Mas meu amor é puro demais e você, minha menina, precisa de uma droga mais forte. Acho que eu também. Porque eu adoraria ter alguém que amasse a mim pelo menos a metade do quanto amo você.
Dizem por aí que o impossível é relativo. Talvez eu ache alguém que me ame assim tão doentiamente. Talvez você ache alguém que lhe faça sorrir mais.
Talvez você case e tenha filhos e talvez eu vá fazer mestrado em outro país.
Até lá, vamos aprender mais sobre essa tal vida que tanto questionamos, e que a mesma se encarregue de nos explicar.