A boa notícia

Olá, mãe, como vai?

Estou aqui fazendo uma horinha depois do almoço e resolvi te escrever, porque sei que você gosta de guardar as cartinhas como lembrança. Advinha o que eu comi direitinho hoje? A salada. Sério, apesar da falta de hábito e das minhas preferências gastronômicas, hoje foi o primeiro dia de uma loooonga dieta. Pois é, mãe, acabei de sair do consultório médico e ele disse que eu devo me alimentar melhor, aquilo que a senhora sempre diz, não é?

Então, mãe, estou aqui tentando me lembrar de algumas coisas de quando eu era criança. Queria que minha memória me remetesse ao momento do meu nascimento, queria lembrar do que senti, das coisas que vi e da minha sensação ao vê-la primeira vez, o que será que eu pensei quando olhei pra você e vi aquela cara de boba? Será que eu já imaginei o quanto seria feliz ao seu lado? Queria me lembrar do primeiro lençol em meu berço, da primeira troca de fralda e de sua falta de experiência nesta atividade. Queria ter novamente a sensação do primeiro banho e do cheirinho de sabonete que fica na casa, assim como daquele cheirinho de cocô de antes do banho.

Ah, mãe, tem tantas coisas que eu queria lembrar, seria tão bom se as mães pudessem guardar coisas além de fotos, não é? Imagine a capacidade de guardar sentimentos para a posteridade, como fazemos com as mídias? Hoje estamos longe uma da outra, como, segundo você, minha vó dizia, a gente cria os filhos para o mundo, e aqui estou eu, a vida me trouxe para cá. Não vou dizer que estou mal, a senhora sabe que estou feliz, mas neste momento, mais do que nunca, eu queria estar aí do seu lado para te abraçar, ou melhor, para sentir seu abraço e guardar para sempre essa sensação: O calor do abraço de alguém que acabou de saber que vai ser vovó.

No final do mês vou aproveitar o feriado pra buscar esse abraço, quero que guarde essa emoção que eu sei que está sentindo, para me transmitir quando eu chegar. Te amo mais que tudo, mãe. E, como você sempre dizia que eu te entenderia quando fosse mãe, quero avisar: Desde agora, com três semanas de gestação, já te entendo.

Dois grandes beijos, vovó! Um de sua filha e outro de seu netinho ou sua netinha, que em breve estará nos teus braços.

Valquíria Paulla
Enviado por Valquíria Paulla em 29/05/2013
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