Carta aberta ao zoológico do Rio de Janeiro - Sobre a ausência de cangurus

Na Austrália, existe um número estimado de 8 cangurus para cada ser humano. Um dos fatores para essa grande população do mamífero é o fato de sua fêmea emendar uma gravidez após a outra a partir do momento em que atinge o seu período fértil. A quantidade de cangurus no país chega a ser tão grande que problemas diversos acontecem, como quando os animais destroem plantações em busca de alimento no período da seca. A situação chega, por vezes, a ser alarmante, o que leva o governo australiano a permitir a caça desses marsupiais em um determinado período do ano. A medida é polêmica, visto que os bichos são considerados um problema, invasores, só que, na verdade, eles estavam lá bem antes do homem.

Como a oferta é bem grande, cangurus são comuns nos zoológicos ao redor do mundo. Em um dos EUA, por exemplo, os visitantes podem entrar na jaula com os exemplares disponíveis. Zoos da china apresentam uma infinidade desses mamíferos com bolsa, todos originais. Na Argentina, acontece o mesmo. Porém, no zoológico do Rio de Janeiro, não há um exemplar sequer de canguru. Isso me deixou muito decepcionado e irritado.

Não preciso ir ao zoo para ver uma capivara. O roedor está presente até mesmo em alguns bairros da Cidade Maravilhosa. Situação semelhante ocorre com micos. Nem comento a respeito de cotias.

Andei por todo o zoológico do Rio e não vi um bendito canguru. Isso é revoltante. Todos os dias, chegam ao porto da cidade conteiners com produtos oriundos do Japão, China e outros países, sendo assim, não poderiam trazer um compartimento desse cheio de cangurus? Minha tarde teria sido bem mais agradável se eu visse um desses mamíferos saltitantes. Se estivesse com um filhote na bolsa então, nem se fala. Lógico que não fiquei calado, fui até a administração do parque e reclamei com um funcionário, que se limitou a me olhar de forma incrédula. Enquanto isso, sua colega de trabalho ria de mim. Ria. Que absurdo.

Resolvi, assim, tentar outra forma de protesto e escrevi uma carta à administração do Zoo. Além disso, também xinguei muito no Twitter, óbvio. Alguns dias depois, recebi uma resposta do administrador do parque. Como era de se esperar, não passava de uma resposta padrão, nem me deram atenção. Além disso, são muito desorganizados e descuidados, visto que junto da carta veio o cartão de um psiquiatra, por engano.

O que eles querem agindo assim? Estou preocupado com algo importante, legítimo. Eu poderia estar por aí mais ligado a causas inúteis, como plantar árvores e cuidar de crianças de rua, mas estou investindo minhas energias em um empreendimento dos mais nobres. Se acham que conseguiram me desencorajar, estão errados. Não descansarei, até porque também não vi ornitorrincos nas instalações do zoo.