A utópica felicidade!

Encontro-me inconsolável, desiludido, por que a solidão insiste em se propagar nas entranhas frias e nebulosas do meu coração? Cá estou, em meio a essa escuridão insensível de meu singelo quarto, ouvindo as batidas árduas de um coração sedento de paixão. A mente racional e pensante já não auxilia-me, os livros e as cantigas já não satisfazem-me, sinto-me perdido, feito um barco a deriva dependendo das forças tempestuosas das águas do destino.

Vence-me a fatiga, a pena com tinta deixo-a de lado, e banhado pela fraca luz amarela do velho abajur Dominici, caio-me sobre a escrivaninha e encontro-me em prantos.

Lágrimas queima-me os olhos, impulsionadas pelo desejo de tê-la, de resgatá-la dos sonhos mais distantes impostos pelo coração sedento e queimante. Todavia, o meu sonho é sobreposto a realidade afetiva, eis aqui o coração que um dia ei de retirá-lo das cinzas e mostrar-lo-ei o amor, ei de censurá-lo da tristeza e naufragá-lo-ei nas demasiadas delicias da paixão, amor este que sempre fora peculiarmente impossível. E se eventualmente assim for, sobrestarei de ser indiscutivelmente um nobre sonhador...

Amauri Rodrigues
Enviado por Amauri Rodrigues em 25/05/2013
Reeditado em 21/07/2013
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