Ao amor
Amado...amor
Tenho caminhado por milhares de estradas, galgado picos íngremes, mergulhado em oceanos enegrecidos pela profundidade. Em todos os lugares encontrei você. Em cada um apresentava-se com uma face, um trejeito... quantas vezes o vi de máscaras. Quantas vezes você se disfarçou de carinho e foi chegando de mansinho, tomando conta de mim e se aconchegando, bem à vontade, em meu ser.
O problema, é que junto com você, vinha também a dor, sem avisar, instalada num cantinho, só esperando você sair para se fixar, e ferir, e machucar.
Decidi então, num golpe de misericórdia ao meu "core", trancar todas as portas e frestas. Assim nem você e nem ninguém entraria mais. Decidi montar guarda dia e noite para vigiar seus muitos disfarces e falsetes.
Mas, você veio assim mesmo, numa tarde, à beira do lago Paranoá; num observar o pôr do sol, distraidamente. Imbuido da amizade, esta mullher traiçoeira, que às vezes deixa você passar e fixar-se na dobras de suas saias de renda coloridas, você chegou e eu nem percebi. Como num passe de mágica você travestiu a amizade, ajeitou a dor, enxugou as lágrimas; todos o dias eu dançava consigo a ciranda da felicidade.
Mas, como todas as outras vezes, você se cansou de brincar. Rapidamente juntou as malas e partiu. Desarrumou tudo, bagunçou o "coreto" e se foi.
A dor, claro, tentou ficar em seu lugar; esperta, nao permiti.
Hoje, amor, o meu coração está aqui, enfeitado, limpo e sem mágoas ou dores. Amadureci e reconheço, que você vem sempre, mesmo que eu não queira mais. Que chega fazendo estardalhaço, que gosto de sua presença e de seus inúmeros colegas de roda, como a esperança; e que estou viva, porque não perco a vontade de encontrar você novamente; nos vales, nos montes ou nas profundezas do meu mar, meu ser.
Seja sempre bem vindo. Não se demore.
Um grande abraço
Eu