Ao amor

Amado...amor

Tenho caminhado por milhares de estradas, galgado picos íngremes, mergulhado em oceanos enegrecidos pela profundidade. Em todos os lugares encontrei você. Em cada um apresentava-se com uma face, um trejeito... quantas vezes o vi de máscaras. Quantas vezes você se disfarçou de carinho e foi chegando de mansinho, tomando conta de mim e se aconchegando, bem à vontade, em meu ser.

O problema, é que junto com você, vinha também a dor, sem avisar, instalada num cantinho, só esperando você sair para se fixar, e ferir, e machucar.

Decidi então, num golpe de misericórdia ao meu "core", trancar todas as portas e frestas. Assim nem você e nem ninguém entraria mais. Decidi montar guarda dia e noite para vigiar seus muitos disfarces e falsetes.

Mas, você veio assim mesmo, numa tarde, à beira do lago Paranoá; num observar o pôr do sol, distraidamente. Imbuido da amizade, esta mullher traiçoeira, que às vezes deixa você passar e fixar-se na dobras de suas saias de renda coloridas, você chegou e eu nem percebi. Como num passe de mágica você travestiu a amizade, ajeitou a dor, enxugou as lágrimas; todos o dias eu dançava consigo a ciranda da felicidade.

Mas, como todas as outras vezes, você se cansou de brincar. Rapidamente juntou as malas e partiu. Desarrumou tudo, bagunçou o "coreto" e se foi.

A dor, claro, tentou ficar em seu lugar; esperta, nao permiti.

Hoje, amor, o meu coração está aqui, enfeitado, limpo e sem mágoas ou dores. Amadureci e reconheço, que você vem sempre, mesmo que eu não queira mais. Que chega fazendo estardalhaço, que gosto de sua presença e de seus inúmeros colegas de roda, como a esperança; e que estou viva, porque não perco a vontade de encontrar você novamente; nos vales, nos montes ou nas profundezas do meu mar, meu ser.

Seja sempre bem vindo. Não se demore.

Um grande abraço

Eu

Ana Teresa
Enviado por Ana Teresa em 23/05/2013
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