Quando ele precisava ir
E toda vez que ele partia, era como se levasse uma parte minha, me deixasse incompleto. Metade do que sobrava. Toda vez que ele partia, minha vontade era de abraça-lo e não deixá-lo ir. E embora eu me preparasse para o final de semana ou qualquer outra surpresa no meio dela, o próximo encontro era sempre incerto. Haviam outros compromissos, outros afazeres e obrigações. Estávamos juntos, mas tínhamos, em particular, nossas vidas individuais. Não como uma zona proibida, por que compartilhávamos tudo. Mas como algo necessário, mas que no entanto, naquele momento, nos mantinha a uma certa distância um do outro. E não era apenas por querer, era só uma questão de dever. Podíamos, queríamos mas não devíamos. E eu as vezes me mostrava incompreensível, intolerante.
Mas sabe quando os únicos dias que parecem ser vividos são aqueles ao lado da pessoa? Quando todo o resto parece apenas acontecer, seguir sem que você perceba? Quando tudo te deduz a ele, te direciona e te leva, te resume a ele, e quando ele não está por perto tudo parece subtrair, faltar, porque ele te soma as coisas boas e te multiplica a felicidade? Ele te completa sem que você perceba e isso... ah, isso basta.
E toda vez que ele precisava ir, sabia que a saudades que batia em mim, também batia nele. Sabia que a nossa dor doía igual. Que tanto em mim, como nele havia sinceridade. A gente sente, sabe? Sente nos olhos, no toque, nos beijos, abraços e nas grandes atitudes em formas de um "Bom dia", na forma como prepara tua janta ao chegar de um dia exaustivo de trabalho, na forma como se preocupa em estar com você e com você em tudo. A gente sente o gosto de verdade e sinceridade nas palavras açucaradas, adoçadas com amor. A gente continua sonhando mesmo acordado. Vivendo ao lado dele, aquela vida que outrora, apenas, sonhávamos. E que agora ele torna real pra você.
No fim de tudo, você pede, canta e conta para que os dias passem rápido, e a semana acabe para que você possa vê-lo, abraça-lo e beijá-lo de novo, mais uma vez.