Ao encontro do amor

Ninguém - muito menos ele - consegue imaginar o esforço sobrenatural que tenho feito para não mais procurá-lo. Para não mandar um SMS no meio da noite - principalmente ao estar embriagado. Para não fazer uma ligação - surpreendente, devido ao modo como nos tratamos friamente da última vez que nos falamos - durante o dia. O não procurar, apesar de tudo, tem sido fácil. Descobri um autocontrole que, mesmo em meio a momentos de desespero, não me permitem tomar o que seria uma atitude precipitada. A última conversa parece ter sido mesmo definitiva. Você ouvir da pessoa que mais ama que seu sentimento não passa de uma "paranoia" dói demais. Mas isso não consegue ser mais forte que todo o amor que, com todo o meu coração, declarei e tenho declarado durante os últimos quatro anos de minha vida. Agora de forma silenciosa, solitária. Que dificulta o não pensar. Esse é praticamente impossível. Apesar dessa distância toda não tem um dia, um segundo sequer, que eu não me surpreenda pensando nele. Nessa saudade sem tamanho que só tende a aumentar. Acompanhando, na mesma proporção, a tal da distância. Deixando-nos cada vez mais distantes daqueles dois seres que, mesmo que tenha sido aparente, se amaram incondicionalmente. E todos hão de convir que esquecer um amor assim; na verdade, se ver obrigado a ter que abdicar de vez, além de praticamente impossível, é doloroso demais. Aquela dor na alma, que ninguém é capaz de ver. Aquela dor que, por mais que esteja estampado no rosto o mais farsante dos sorrisos, nós sabemos estar ali, escondida, esperando o momento de vir à tona e desabar toda a fortaleza que, com muita dificuldade, conseguimos levantar. Quando isso acontece, o que está prestes a acontecer, não tem jeito. Não há uma saída que não seja procurar. Mesmo que somente para ouvir a voz; ou mesmo a respiração. "Perdoa meu amor, quebrar o juramento e voltar a te ligar. Precisava te ouvir, nem que fosse por um segundo". Admito que tenho vontade de fazer exatamente isso. Independente do que eu fosse ouvir; se é que daria tempo de ouvir algo. Se é que a ligação seria atendida. Egoísmo e egocentrismo são mesmo duas características péssimas. Dar-se conta que se conviveu com alguém assim, é ainda pior. Apesar de tudo de ruim, quem consegue esquecer o que tenha sido feito de bom? Quem consegue se desligar dos beijos, dos abraços e, principalmente, dos sorrisos? Sei que há quem consiga. Eu, infelizmente - ou não, ninguém sabe o que o futuro pode ainda nos reservar - ainda não atingi esse estágio avançado de esquecimento. Não sei sequer se conseguirei. Pode ser que surja um novo amor. Tão arrebatador quanto aquele. Mas muitos sabem que um amor não substitui outro; as lembranças de um, não apagam as do outro. Gostaria de estar errado em meus pensamentos. Mas acredito que quando se ama não há certo ou errado. Há somente o amor. Basta que seja forte o suficiente para transformar o ruim no bom, o fraco no fortalecido, o pouco no muito, o nada no tudo. Enfim, aquele que quando chegar seja motivo de alegria; daquela felicidade arrebatadora, que nos tira de nossa órbita e nos fazem conhecer outras. Posso ser utópico agora. Mas é nesse amor que acredito. E é por esse amor que eu ainda espero. Sabendo que não me arrependerei. Cedo ou tarde, lento ou rápido, uma hora ele chega. E eu estarei de braços e, especialmente, de coração aberto.

TJ Torres
Enviado por TJ Torres em 08/05/2013
Código do texto: T4280212
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