Cansei de ponderar

Nacho, desculpe-me pelo o que vou falar, mas acho que preciso. Desde que voltei da Argentina, tenho me sentido inquieta, brava e irritada. Sinceramente, eu não sei viver sem estar apaixonada e quando tento controlar esse meu lado irracional, eu me sinto amarga, sem graça e etc. Eu tenho tentado aceitar que estamos distantes, que eu tenho raízes no Brasil e que você tem raízes na Argentina (têm seus trabalhos e é muito apegado as seus amigos e familiares) e eu, sobretudo, tenho muita dificuldade de largar a estabilidade que consegui nesses últimos anos, porque eu sei o que é ser pobre. Tenho medo de perder o que conquistei e nunca mais recuperar. Gostaria de ser mais livre, poder fazer e morar onde eu quiser. Mas, infelizmente, não é tão simples.

Mas para mim, embora eu tenha namorado bastante é muito difícil encontrar alguém com quem eu realmente queira ficar. Quando fui para Argentina, morria de medo de não conseguir ficar 5 dias sob o mesmo teto com você sem me entediar. E que surpresa: isso aconteceu.

Eu não sei se você sente o mesmo por mim. Meu pai fala que um homem quando quer uma mulher, vai atrás. Talvez ele esteja certo, talvez uma mulher não deva correr atrás de um homem, mas estou cansada de esperar que os astros confabulem e eu goste de um homem que corra atrás de mim.

E, sinceramente, os dias que passei com você foram exatamente como eu pensei que seria um dia com a pessoa com quem eu gostaria de ficar. Alguém, que se preocupasse comigo, em me agradar, mas não fosse grudento demais. Que me ouvisse (sei que falo muito), mas que falasse também. E que apesar de sério, tivesse alegria de viver. Foram dias perfeitos, a exceção do fato de saber que iriam acabar.

Sei e todos os problemas que temos, sei que talvez você não goste de mim. Mas eu sei o quanto é difícil encontrar alguém, com quem eu possa conversar, ser eu mesma, sem assustar essa pessoa, sem ela esperar que eu seja sempre forte ou que eu me comporte de forma submissa o tempo todo. Sei o quanto é bom ter alguém que pensa por você sobre as coisas, às vezes, que lhe dá um descanso da vida corrida e das cobranças.

Então, não sei... nada na minha vida caiu do céu. Porque você simplesmente cairia sem que eu fizesse nenhum esforço? Então se você quiser, eu gostaria de tentar. No próximo semestre irei à Argentina, caso você queira minha companhia. É provável que eu entre no mestrado aqui em São Paulo, então farei umas matérias na UBA - Universidad de Buenos Aires para complementar a formação. Se me derem a licença, eu talvez vá para a uma das Universidades de Portugal. Se eu for para lá, gostaria que você fosse comigo. Também gostaria que você conhecesse São Paulo, não só a capital, mas outra cidade do interior. Podemos fazer esses testes, ver se nos damos bem. E depois, se for do seu interesse, porderíamos ver se vale a pena ou não revolucionar uma de nossas vidas para ficarmos juntos.

LUCILA GRACINDA
Enviado por LUCILA GRACINDA em 06/05/2013
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