Em nome do amor!

Eu amei muito, sabe? Dediquei-me demais àquele amor. Fiz, do meu modo torto e errado, o possível e o impossível para que toda aquela história desse certo. Durante muito tempo tentei cuidar mais dele do que de mim mesmo. Cheguei a amá-lo acima de tudo e, sobretudo, de todos. Mesmo com todo o carinho, toda a ternura, todo o cuidado, todo o sentimento, creio agora ter sido insuficientes; embora eu acredite com convicção que nada do que eu fiz, fora em vão. No início, como todo bom psicótico, deixei o medo de perder falar mais alto, já que era enlouquecedor pensar em cogitar a hipótese de me ver sem ele; sem tudo aquilo que eu começava a construir. Conforme o tempo foi passando, pude enxergar que aquele castelo de areia que estávamos levantando era tão fraco que poderia desabar a qualquer momento. Mesmo sabendo do iminente risco que corria, fui aprendendo a conviver com tal ideia, já sabendo que poderia acontecer a qualquer momento e eu deveria estar preparado. Ainda assim, continuei tentando. Até que o inevitável aconteceu. Por se tratar de um relacionamento intenso, em que ambos se desgastaram, eu sei que os dois sofreram. E muito! Ainda assim, ele foi mais forte que eu. Superou-me mais rápido do que eu a ele. Devo admitir, sofri por meses, me condenando por algo que não era somente culpa minha. Até que, pouco a pouco, apesar do imenso amor que até hoje perdura, fui me apegando à ideia de que talvez ele não fosse o alguém certo pra mim; aquele com quem sempre sonhei e continuo sonhando. Hoje, posso dizer que, apesar dos momentos de melancolia, me sinto mais forte do que no começo do fim. Porque descobri, finalmente e a tempo de não acontecer o pior, que há alguém no mundo que deve estar acima de todas as outras pessoas; alguém a quem devo amar, cuidar, respeitar; como se já não houvesse mais ninguém no planeta. Esse alguém é, ninguém mais ninguém menos, do que eu mesmo! Ao olhar-me no espelho e questionar-me duramente, concluí: se eu não me amar, se eu não cuidar de mim, se eu não me dedicar a mim e aos meus ideais em primeiro lugar, quem então o fará? Se eu não estiver pronto - forte e equilibrado - pra fazer tudo isso, como esperar que alguém o faça? E finalmente; se eu mesmo não merecer o meu amor, como esperar que apareça alguém que, além de o merecer e me merecer, seja capaz de aceitar, entender e retribuir à altura, todo esse sentimento?

TJ Torres
Enviado por TJ Torres em 24/04/2013
Reeditado em 24/04/2013
Código do texto: T4256694
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