Desalinho
É sempre estranho ficar mais que duas horas longe de você. As horas que antecedem a tua vinda são agoniantes, encontro-me aflito uma ou duas vezes ao dia. Fico fragilizado pela tua falta em meus dias tão nublados e meio que sem sal, por me faltar o teu tempero. Acabo perdendo o ponto e errando a mão no bolo, no feijão e na minha vida. Desando.
Por que me são necessários os teus abraços pela manhã e teus beijos pela noite. Me são necessárias as tuas caras e bocas, o teu cheiro rendido em cada milímetro de pele que meu corpo comporta. Me é necessário você, hoje, aqui, agora. Neste exato momento em que a noite parece bipolar. Onde a lua esconde-se tímida e as estrelas reduzem seu contraste. Onde o vento parece soprar mais forte. Onde o silêncio é quase que gritante, nas ruas, nas casas, em mim.