Em meio ao nada
Sei que não fui o melhor exemplo de namorado. Era chato, briguento, marrento; muito complicado. Mesmo o mínimo era motivo de briga, de alguma discussão; por mais inoportuna que fosse, eu não conseguia ficar tranquilo enquanto não resolvesse. Mas, durante todo o tempo, fui o mais sincero que pude. Fiz o possível e, mesmo o impossível, para que aquela relação não chegasse ao seu final. Por um tempo obtive sucesso. Afinal, nada era mais lindo do que o momento em que, após uma briga, nos reconciliávamos. Mesmo sabendo o quanto posso ser responsabilizado, já não me culpo tanto. Quando um não quer, dois não brigam. Certo? Essa é mais uma das certezas que tenho. Tanto que, mesmo sabendo que nenhum dos dois jamais poderá arrancar o outro de sua história, já não estamos mais presentes na vida um do outro. Embora, em alguns aspectos, ainda me culpe mais do que o necessário, sei que ninguém poderá afirmar que o fim foi causado por falta de amor. Esse era tanto; tão intenso, que mesmo hoje, um bom tempo depois do fim, ainda me surpreendo revirando aquele passado. Remexendo em cada uma daquelas lembranças. Claro que surgem as ruins; porém, as boas, são infinitamente melhores. E são elas que me permitem continuar em pé; mesmo quando surge algum momento em que eu fique prestes a pirar. Por mais difícil que seja, não posso parar. Tenho uma vida inteira pela frente. E, apesar de saber que trago comigo inúmeras cicatrizes, fruto de cada uma das feridas causadas, ainda tenho um coração enorme. Um amor maior ainda. O que falta é encontrar alguém que o receba. Sem precisar retribuir com a mesma intensidade. Mas amando de verdade. Sendo o motivo de meu sorriso. Simbolizando a minha vontade de fazer e ver alguém feliz. Certo é que os "ventos" que o levaram pra longe de mim são os mesmos que trarão quem poderá fazer tudo aquilo que ele não quis. É nisso que acredito! Porque é isso o que eu vivo; em cada uma de minhas palavras.