BRINCANDO COM O MENINO
Chamo várias vezes pelo menino, mas recusa-se a aparecer de verdade. Escondido me olha por alguma fresta, mostrando apenas um tico de si. De onde está grita que não é com ele, pois já é adulto. Ora que bobagem lhe respondo, o adulto é a casa da criança e tão ocupado como é, cheio de encrencas e problemas, às vezes se esquece do garoto, mas ele está lá!
Este menino é um encanto, gosto demais dele, é cheio de ótimas fantasias. Outro dia estava contando que o rato fez uma poesia para a barata, mas ela não lhe deu confiança. Aí que ele se apaixonou mesmo, transformando-a na musa de suas inspirações. Triste procurou o gato Budista, que depois de meditar, aconselhou-o a parar de se perfumar, de ficar só escrevendo, que a convidasse logo para passear no lixão e tudo se resolveria. Demorou tanto para fazer isso, que o barato passou um lero na barata e voaram para sempre. O rato ficou lá roendo um pirulito de brócolis em meio às poeiras esquecidas.
Também apronta suas artes. Inventou de colocar um convalescente para andar de patins ladeira abaixo, sorte é que o senhor entendia bem de curvas e retas ou seria um estrago só. Deu à sua amiguinha um lindo nome de flor que, peralta como ele, só sabe ficar girando e girando no mesmo lugar, até deixar tonta a pobre da tia.
Para se divertir esconde dentaduras, lambe cabo de guarda-chuva, troca seu próprio nome, deixando a gente meio biruta. Digo para tomar tento, mas acabo rindo muito pois não tem jeito de ser mais engraçado!
Vou encerrando por aqui, pedindo ao adulto deste menino, o Sr Poeta Tupiniquim, que tem um coração sensacional e que muito admiro, para deixar o pequeno vir contar para nós um pouco mais de suas traquinagens. Seriam ótimos momentos.
Despeço com meus agradecimentos, minha torcida, um abraço apertado e desejo-lhe toda felicidade.
Inêz Drumond