Meus amigos, minhas amigas, meus amores...

Ah quantas saudades, de todos vocês, de cada um... do sorriso, da palavra, do abraço e beijinhos, das festas, das tardes de convivência e almoços compartilhados, dos momentos de intimidade e partilha, tão preciosos. Até das reuniões da Associação eu sinto saudades, imaginem!!!

Tenho refletido muito e tentado compreender o propósito dessa mudança em nossas vidas; Esse "exílio" que escolhemos. Eu sei que este era o nosso caminho, sinto a felicidade me tocar em muitos momentos...

Recomeçar é sempre desconfortável, e tudo fica mais denso, sem a leveza e o continente afetivo dos amigos que estão longe, sinto muitas saudades do ninho aconchegante em que vivíamos, mas afinal, tudo muda;

Elegemos um estilo de vida muito diferente do que estávamos acostumados, e nesse recomeçar flutuamos pela zona do desconforto.

Em Floripa morávamos em um condomínio, que o máximo esforço que fazíamos era o de levar o lixo já recicládo até as lixeiras no andar térreo, os prestadores de serviço eram gentis, prestativos, se houvesse a mínima necessidade, tipo trocar uma lâmpada, era só interfonar e lá vinha "seu Amilton" de bom humor e zás!!!

O lugar onde moramos hoje é muito diferente do Sul, qualidade e gentileza são raros de encontrar por aqui, nos atendimentos do comércio e serviços em geral, e daí a gente acaba se estressando em quase todos os lugares que vamos. Acho que temos que aprender a brigar, se isso é uma boa coisa a aprender! Estou desenvolvendo imunidade contra essas coisas que me tiram do sério, me mantenho firme em meus valores, continuar sendo ética é o desafio!

Não fazendo pequenas coisas erradas, que quase todos fazem, e combatê-las participando da Associação do Bairro, em campanhas educativas. As "coisinhas" que muitos fazem por aqui, por conveniência ou comodismo, e as vezes até por raiva mesmo, como por exemplo, dirigir na contra-mão só pra não dar uma voltinha na rotatória, jogar lixo no mato. Mato do terreno ao lado da própria casa! Porque o lixeiro não passou... queimar os dejetos de poda, provocando uma poluição horrível, etc...

Tem sido muito exaustivo morar em casa...

- Cadê "seu Amilton" ???

Eu consegui ter minha horta, uma hortinha, um jardim que aos poucos vai tomando forma e flores, e, plantei uma pitangueira, uma amoreira, tudo isso dá muito trabalho, e toda manutenção da casa, do jardim, da calçada ao redor da casa, hoje tenho um jardineiro ufa... ah... ainda tem um gato o Félix, adorável!

Morar em casa dá trabalho, é indiscutível o prazer e a alegria que é viver tudo isso, uma vida mais plena de vida, e como todo prazer tem um preço, estamos pagando e muito determinados com nosso suor!

Eu sinto que a "Crise de meia idade" está dando lugar a uma segurança e tranquilidade próprias da maturidade. Adeus hormônios em fúria, tô na menopausa! Ainda sinto aquela depressão que me pega distraída! Mas agora encontrei o caminho de volta pra casinha, fiz as pazes com a tal da "envelhescência"!!!

Escrevo quase que compulsivamente, que bom ter encontrado o Recanto das Letras pra poder compartilhar meus escritos! E desde que aprendi a desenhar, desenho tudo que vejo, tenho feito artesanato, e isso me deixa tão feliz, é quase como o prazer que tenho ao dançar, o que eu quero é criar! É puro prazer!!!

Começo uma nova fase da vida, cuidar de mim e do Thiago, que a cada dia ganha mais autonomia.  
Meu trabalho na prefeitura de Vila Velha agora é Coordenar Programas do MEC, terminei uma pós-graduação na UFES em Educação Integral e SAberes Populares.

O Encontro Nordestino de Biodança em Fortaleza me deu um desejo enorme de ter um grupo pra facilitar, esse será meu próximo voo!

Um renovado amor começa se desenhar lindo e recíproco em minha geografia... esse será um novo capítulo...

Acho que foi a Anais Nin quem disse que vemos as coisas como nós somos, e não como elas são, e se cada um as vê como é, então qual é o certo? O certo é o que faz a gente feliz, certo!!!?

Agora, respiro... olho pra telinha e me emociono... tudo que me vem é um sentimento profundo de gratidão, ah... de amor muito amor!!! Essa pode ser a origem da crença na divindade, esse profundo sentimento de gratidão... eu tô mais religiosa do que sempre fui... mas agora me sinto "re-ligada" a essa fonte abundante e misteriosa de amor... DEUS!

Outra tarde fui à praia caminhar, eu "doía" de saudades, o vento me tocou, e com ele o amor que eu sinto por vocês, e os sorrisos e os olhares de vocês me invadiram por todos os poros, com o vento transbordou um sentimento de gratidão imensa por tudo, principalmente por ter esses vínculos de amor e confiança como os nossos que sei e-ternos.

A tristeza deu lugar a uma nostalgia, e paz, tenho certeza que em breve poderei abraçá-los de novo, enquanto isso me encontro com o vento, com o mar, com essa natureza que me sensibiliza, e cura.

A percepção que tenho da lição desse momento: é que existe um tempo de semear, um tempo de colher, e um propósito maior que as vezes não alcançamos, e como diz a Dalila às vezes temos que caminhar em confiança, sem saber para onde estamos indo, não se apressar nem se deter, apenas caminhar... Eu amo muito, muito, muito vocês!!!!

Vila Velha 2005
reescrita em 2013
Zeni Bannitz
Enviado por Zeni Bannitz em 24/03/2007
Reeditado em 19/05/2013
Código do texto: T424215
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