Declarações de um sonhador

Hoje acordei após o término de um horrível pesadelo. Nas profundezas do sono, encontrei a inconveniência de uma pessoa que não gostaria de ser encontrada. Abri os olhos atordoado e subitamente triste, como que se uma flecha me alcançasse as costas, a retirei e a quebrei, assim como faço com minha angústia, tento consolar-me a quebrando com demasiado vigor e persistência, deveras vezes consigo, outras deveras fracasso! A solidão é um refúgio para com os injustiçados. Mas quem poderia julgar-me injustiçado se não eu mesmo? Nada poderá abalar-me neste sentido, ilustres leitores. Sinto-me injustiçado não por que temi ao amor, mas por que o amor inocente e desprovido de sensibilidade temeu a mim. Pressupõe-se que a solidão é um árduo momento, talvez seja, mas o vejo de outra maneira. O isolamento também abre portas para o arrependimento alheio, meus amigos. Arrependimento de ter sido o que não se foi, de ter vivido aquilo que não viveu, de ter chorado aquilo que não chorou, de ter amado aquilo que não se amou. De todos os arrependimentos que passei, me orgulho de um que nunca terei. Nunca deixei de me entregar aos corações que por mim clamam, nunca me despus do carinho solicitado, jamais feri aos sentimentos por mim pertencentes. E ainda sim, cá estou, assolado pela ausência do amor verdadeiro que insiste em se afastar de meu coração castigado, trancafiado dentre quatro paredes frias, cujo gelo das mesmas me lembra o seu coração que pelo mesmo dediquei-me. Mas ainda tenho esperanças, tenho fé na suavidade do amor, na doçura e na sonoridade que a ele é atribuída. Acredito que serei feliz, por que se julgo-me feliz hoje, é por que a mim nunca se foi essa esperança! Esperança talvez de um dia te encontrar, futura dama. É você que pertencerá ao meu coração! É essa esperança que me transmite vontade. Vontade de fazê-la demasiadamente feliz, de tê-la em meus braços e de esquentá-la em noites frias, de protegê-la da chuva que cai sem delongas do céu nublado, da solidão que um dia passou por seu corpo. Também sinto vontade de olhá-la fixamente nos olhos e ouvi-la pronunciar: Eu te amo. Só que desta vez, minha senhora, lembrarei de que em um dia de solidão escrevi esse texto, hoje perante a tua sublime beleza, olhá-la-ei nos olhos e proclamarei a ti todo o meu sentimento e amor, e que se possível, não se afaste de mim, por que se a isso o fizer, mesmo assim, buscá-la-ei nas profundezas dos nossos sentimentos.

Amauri Rodrigues
Enviado por Amauri Rodrigues em 10/04/2013
Reeditado em 20/08/2013
Código do texto: T4234046
Classificação de conteúdo: seguro