Doce ilusão da mentira mais linda
Independente do que aconteça, independente do que eu viva, independente do que eu sinta; minha vida ainda é meu bem mais valioso! E sim! Apesar de tudo, ainda sou o dono de minha razão. Essa razão que me condena cada vez que recordo um momento que seja do que já passou. Passado! Deveria estar lá atrás, em seu devido lugar; certo? Sabemos disso, mas nem sempre a prática condiz com o que nos manda a teoria. Nem sempre, mesmo estando tão certos de si, conseguimos nos manter fortes por tanto tempo. Tempo! Já faz tanto, que tudo já deveria estar esquecido. Ou, simplesmente, mais ameno. De uma forma que as lembranças não torturassem; de um modo que a chegada de cada uma delas não viesse como um bombardeio. Bombardeio! Desse, meu coração entende bem. Foi tão bombardeado, tão destroçado, tão enganado; e ainda assim se manteve com a esperança de um dia, quem sabe, encontrar alguém que realmente o entenda. Realmente saiba o que ele espera de um sentimento. Não aqueles que vêm com data de validade desconhecida. Não aqueles que fazem vir à tona o desejo de imposição. Imposição de vontades, de exigências, de condições. Ele espera sim, que chegue alguém que entenda que somos livres. Que querer dominar ou mesmo aprisionar alguém, não é a melhor das escolhas! Escolha! Um dia esse mesmo coração escolheu alguém. Erradamente, pode-se assim dizer. Mas foi uma escolha que o fez bater mais forte; ficar cada vez mais acelerado a cada novo sorriso. Mais feliz a cada novo beijo, mais forte a cada novo abraço; mais aliviado a cada reconciliação. As brigas foram as mais diversas, as mais intensas; tal qual esse sentimento que ainda me faz escrever tanto sobre ele. Faz-me pensar tanto nele. Mesmo sabendo que agora não restou, da parte dele, mais nada. Nem mesmo as lembranças. Essas lembranças que ora me entristece, ora me fazem tão feliz; por lembrar que fui eu que vivi cada uma delas; por saber que eu fui o protagonista; por ter a ciência que ninguém me contou. Por ter a plena certeza que hoje, tanto tempo depois, por mais que queiram - ou mesmo tentem - ninguém poderia tirá-las de mim.