CARTA JOGADA AO VENTO PARA O DESTINO TORTO
CARTA JOGADA AO VENTO PARA O DESTINO TORTO
Jacarei, 30 de julho de 2012.
Caro destino torto:
Venho aqui despido de minhas asas, escrever para você revindicando a felicidade. Quero de volta o direito de rir de verdade, quero receber em um envelope, Sedex, um solvente da cola que colou a tristeza em meu coração.
Querido destino torto, cadê o abraço do pai que você me prometeu quando eu ainda estava no paraíso? Cadê o unido até que a morte nos separe? Cadê o perdão? Melhor escrevendo, em qual aglomerado de neurônios de minha massa encefálica está o meu auto-perdão, agora fiquei na duvida, seria auto-perdão ou seria alto-perdão? Não importo eu assumo a minha “mea culpa” eles venceram.
Destino torto, ao Jesus na cruz eu já me puni, aos guias eu já chorei, aos Orixás eu já pedi um axé para que o meu coração parasse de doer, mas a dor que o anjo sofreu quando teve suas asas arrancadas às vezes é demais e mesmo no presente há um maldito subconsciente que o faz repercutir quando tudo parece estar em paz.
É difícil ficar do meu lado, tenho que agradar a todos, pois me sinto o pior de todos; fui criado como sendo o filho do pecado, não sou filho do Adão, sou a própria maçã, ou pior ainda meu querido Destino sou a serpente que seduziu a Eva e o Adão.
No pesadelo vejo a hemorragia, chorando olho para cima e vejo os urubus, ou seriam anjos nus, minha mãe apenas pede para que eu me cale afinal no rádio ocorre à transmissão da benção da Preta Nossa Senhora Aparecida, no meu sonho ela sai do rádio como um urubu e leva com ela minhas vísceras e minha mãe vestida de manto azul apenas diz amém.
Querido destino torto, já me tirou o destino certo do carro a mais de 180 por hora, já me tirou o cloreto de potássio e também os barbitúricos com o álcool, então eu pergunto a ti, destino torto: Quando você ira me deixar partir?
André Zanarella