Tua falta

Ouço uma música, não uma qualquer, mas a nossa música, e um abismo que se forma dentro de mim traz você de volta. Chega a parecer dor, mas não sei bem como dizer isso. É algo bom e ao mesmo tempo ruim. É doloroso, isso eu sei.

A canção me faz regressar àquelas vias de paisagens verdes, por onde passamos tantas vezes. Revivo nossos momentos, os passeios, as declarações de amor... E nessas recordações me vêm o seu perfume, o seu beijo suave e doce, as suas mãos grandes e macias me acariciando o rosto. Posso sentir a sensação de cada vez em que fui sua, em que me entreguei inteira ao que o seu desejo pedia.

Mas essas memórias me maltratam, me fazem chorar. Elas existem como fantasmas que me perseguem. E eu não queria isso pra mim, de jeito nenhum, nunca mais. Não queria essas paradas no meio do caminho, quando tento rever o que ficou pra trás e, por instantes, penso em voltar. Não posso! Devo repetir isso pra mim: “não posso voltar, não devo voltar!”

É grande o amor que eu tenho guardado. Mas não posso vivê-lo, não tenho esse direito. Eu não tenho como explicar, mas estranhamente amo demais e não sei o que fazer com esse sentimento que me sufoca.

Agora chega! As lágrimas me impedem de ver claramente na tela o que escrevo. Tenho que ir secar os olhos.

Maria Celça
Enviado por Maria Celça em 02/04/2013
Reeditado em 02/04/2013
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