Coração sem versos.
Quando eu tiver que me calar ante a fome e a miséria por omissão ou vergonha,
não serei mais poeta.
Quando aceitar as injustiças com normalidade e justificar a violência como proteção,
não serei mais poeta.
Quando minhas lágrimas não mais molharem meu rosto e o sorriso desaparecer,
não serei mais um poeta , nem nada .
serei apenas as sombras assumidas , a dor escancarada e surda
serei apenas um homem , mais nada.
Quando aceitar as guerras como forma de manter a paz
suplantando o amor e a ternura ;
e crianças perdidas , nas ruas
e a droga lhes alimentando a alma ,
aquecendo-lhes o frio do silêncio de uma sociedade que a tudo justifica,
não mais serei poeta, antes, serei sombras, serei nada.
Não serei poeta à cantar a vida se a ela não me escancaro ;
nem serei futuro, quando ao presente silencio.