Dias passados em sonhos com Buh

Hoje fui ao meu lado mais claro, fui dormindo, o dia claro, a mente clara, sem espelhos, nem lentes, nem óculos, somente um travesseiro. Virando de um lado para o outro sonhei em meio tempo com todos os dias que nem vivi, mas planejei coisas incríveis lá. Lá, no lugar aonde vou quando vou ao meu profundo, meu interior, ou chame do que quiser.

Minha mente é como arquivos em compartimentos de pastas, separadas por temas, nos temas as cores, os cheiros e os sons que me recordo que é o que fica no subconsciente.

Passei essa data dormindo, gemendo, babando talvez e me esfregando.

Foi assim: Comecei caminhando por uma estrada de pedras redondas e escorregadias, não me espantei com minhas derrapadas nem mesmo com meus tombos, mas assumo que parecia ter alguém me empurrando. Dizem que sempre tem alguém para dar a mão, acho que esse alguém preferiu que eu me segurasse em mim mesma, ou vê mais graça quando caiu do que quando faço piada. Vez ou outra eu olhava para os lados, mas sempre mudavam de imagem, árvores altas, finas, com topos abertos, outras vezes havia apenas montanhas ao longe também altas, umas das coisas que mais aparecia eram pássaros que me olhavam, cada um do seu jeito, mas o olhar significava a mesma coisa, mas que não entendi ainda.

Cheguei muito rápido perto de um lago, principalmente por que não me movia em momento algum, nem mesmo para olhar em volta, mas esse lago parece que veio a mim e ao olhá-lo percebi o reflexo de algumas luas, diversos tamanhos, e me impressionei com uma de cor azul que mesmo sabendo que era um reflexo sentia que ela estava dentro do lago, como se morasse lá, e só lá se encontrasse.

Ao lado de mim vi um monte de terra onde subi muito rápido, eu já podia me mover com facilidade, e lá de cima, mas não tão em cima eu via a margem do lago e as mesmas árvores se movendo para lá e ali, quando elas de uma só vez enfiaram-se dentro da terra saltou de mim um leve grito que somente eu escutei, um grito para dentro de mim, desci do monte e disparei em seguida das árvores lá longe, e cheguei a elas e mesmo calada era como se eu perguntasse o que houve e elas me dissessem calmamente que estavam descansando… Então parti.

Agora já me via em um lugar completamente diferente, e não mais sozinha.

Estava num castelo bem conhecido, passei muito tempo por aqui, um tempo de graça e exatidão de sentidos.

Como se tivesse vivido naquela época em que se mostravam os sentimentos pela arte e não apenas pela fala, ou foto, senti se aproximar uma ventania que trazia cheiro de rosas. Rosas, novamente esse aroma para todos.

Uma tempestade me invadia a vista, poeira em meus longos cabelos de plástico que voavam sem acordo. Entrei desnorteada em um quarto qualquer, ora quem vejo, meu caro amigo imaginário Buh, tu que sempre aconchegante e bravamente me protegeu de mim mesma e meus monstros e me dava força para lutar com os alheios.

—Que fazes por essas bandas em minha mente meu amor?

- Akiw, minha Akiw. Vim a ti minha pequena dama, vim perceber mais do que quase não vejo por esse tempo em você.

—Claro, era de se esperar sua vinda, não sabia quando, de costume as surpresas.

- Faça, e diga o que quiser, estarei aqui enquanto desejar que eu esteja.

—Sabe que não depende apenas de mim, mas como minha criação te dei o “poder” de escolha quanto ao tempo. Fique, vá, quando bem entender, e para onde desejares, só lhe peço não me deixes quando estives ferida, ferida de maneira que não possa me cuidar. Apenas isso que lhe peço. Sabe como fico nessas horas da noite não?! Sabe bem quando estou perdida…

- Estarei em todo lugar minha querida, estarei nos reflexos, e aromas, e vento me trará até você, sua força faz isso, seu pensamento me criou e me move ainda e sempre. Conta comigo, conta sempre.

—É bom vê-lo, saber que ainda contamos um com o outro, e que parece bem.

-Eu? Sim, sempre como disse. Mas vejo que tu precisas de algo, aceita um copo de água fria? Ah sim percebo, essa tempestade foi o que me trouxe a ti, e é ela o que a perturba? São aquelas sombras que se formam do lado de fora, que sei que observava. O que a assusta ou preocupa? Entendo.

—…

-…

Me dando um beijo na tez o vi rastejando através da janela do quarto, recostada na esma janela puxo a cortina cor vinho e tom de camurça para me envolver e proteger pelo frio que entra e realmente, é como o Buh citou, me preocupam tais silhuetas na parte baixa do castelo.

Que será que há? O que se passa e minha vista não percebe?

Akiw Purple
Enviado por Akiw Purple em 13/03/2013
Código do texto: T4186919
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