Ao Homem da Terra

Essa carta é para o homem da terra, da minha amada Santo André, cujo pseudônimo no Recanto das Letras é “Aristeu Fatal”, e que hoje posso chamar carinhosamente de meu amigo.

Teu livro “Como se fosse hoje...!” me caiu nas mãos como luvas.

Eu, apesar de ser natural de Ribeirão Pires, me sinto como se fosse natural de Santo André, pois minhas recordações são todas daqui; e não me vejo morando em outro local, senão aqui.

Num dos domingos do mês de Janeiro deste ano de 2013, eu estava entre as participantes do coral na missa das 10:30 horas, na Igreja Matriz, quando o Douglas Leite, maestro e filho do João Leite, nosso maestro, chegou com você e apresentando-o, disse que você estava presenteando cada participante do coral com um exemplar do seu livro.

Livro esse que eu devorei em três manhãs enquanto cuidava do meu neto caçula, o Raul.

Quando terminei a leitura já estava decidida de que queria passar para você minhas impressões sobre ele.

Nossa! Um dos cenários do seu livro marcou parte da minha infância e ficou registrado para sempre. Foi a Rua Jorge Moreira, citada no seu livro, aonde você morou, na Vila Assunção.

Passados mais de 50 anos, do ano que lá morei, que foi no ano de 1960, ainda hoje sonho com a casa da minha avó Benedita, na referida rua. Morei no porão da casa dela. Eu, minha mãe e minhas irmãs.

Guardo muitas recordações daquele ano.

Foi o ano que cursei a 4ª série na Escola Hermínia Lopes Lobo, que se situa até hoje na Vila Assunção; minha mãe costurava calças de alfaiate para a alfaiataria do Sr. Redondo que tinha na Rua Guilherme Marconi.

Descendo a referida rua tinha um Posto Médico do “SANDU”.

A Fábrica do Ipiranguinha que você cita, até hoje não me sai da memória, eu achava a construção dela muito imponente, com o telhado todo pontiagudo.

Lendo a narrativa das suas histórias de vida, me senti como se estivéssemos estado num mesmo navio, só que em compartimentos diferentes.

A qualquer momento enquanto lia o livro achei que ia me deparar com você citando o nome de algum tio meu, filhos da avó Benedita, ou pelo menos do tio Joaquim que, na época devia ter a tua idade, mas tal não ocorreu.

Mesmo assim, tuas narrativas tiveram o dom de me comover, é como se parte da minha história estivesse sendo contada por você.

Lá no Coral estou, há cerca de quatro meses, nem vou dizer cantando, mas tentando cantar. Cantar é algo que amo fazer, mas devido a correria da vida, acabei relegando sempre à segundos e talvez, últimos planos de vida.

E, cada vez que estou lá, no Coral, na Igreja Matriz, eu lembro daquele ano de 1960, quando então frequentei-á com assiduidade, acompanhando a vó Benedita. Aqueles momentos ali na Igreja ficaram gravados em minha memória, acho que até o piso da Igreja ainda é o mesmo.

As lacunas que existiam em minhas recordações daquela época, foram preenchidas com suas narrativas.

Domingo p.p., tive a oportunidade de te cumprimentar e de te falar como gostei de ter lido o teu livro.

E, agora que já terminei de ler o outro livro teu: “Crônicas e Contos de um Saudosista”, não posso deixar de rasgar seda para você, e dizer que apreciei o teu jeito de contar as tuas estórias de vida.

O teu jeito de contar mais um pouco da história da nossa Santo André em: A saga de João, é muito bom.

Oh! dó que senti do Seu Nagib, da Giselda, do Don Juan...

Os cinco amigos.

Suas tiradas cômicas são excelentes, “Excesso de peso” é muito bom.

Você pode ter certeza de que a nossa Santo André se enriqueceu ao ter a sua história e memórias contadas por você.

Finalizo, parabenizando-o pela cadeira ocupada na Academia de Letras.

Santo André, 12 de Março de 2013.

apapesi
Enviado por apapesi em 12/03/2013
Código do texto: T4185377
Classificação de conteúdo: seguro