Caminho (Carta ao Desassossego).

Há um pesar tortuoso em cada um desses pequenos verbetes que encontro diariamente sobre amor. Quase sem querer, me encontro diluído de pensamentos oblíquos onde minha mente se perde em uma esquizofrênica aventura dissimulada.

Me perco. E a volta para a realidade me é tão difícil que, por vezes, caio no sono antes mesmo de voltar ao início. Já não sei mais onde me perdi no caminho dessas estradas sinuosas. Há tantas bifurcações e escolhas a se fazer, onde o mais sensato é o mais doloroso, que me perco. Estou sempre me perdendo. O maior problema é não achar o caminho de volta, já que para a vida, não importa o passo que se fora, apenas o passo à frente. E, assim, sem ordem de onde seguir, ando desajeitadamente; errando mais que acertando, construindo uma pequena história nesse bloco de notas diminuto.

Não há descanso, não há descaso. Mente parada é a oficina do diabo. Nos bancos vazios onde a tentação é parar, estagnado, ergo ou baixo um pouco o olhar para continuar de alguma maneira. Sigo. Mas sigo sem motivos, sem esperanças ou sem orientação. Um corpo sendo levado pelos dias e as marés bravas e indômitas.

Parece que a cada instancia meus ouvidos quase inúteis procuram por qualquer ruído que se assemelhe ao som da voz a qual procuro. Que o tato siga por instinto a direção da brisa que roce a minha pele, assemelhando-se ao toque o qual procuro. Que meus olhos vejam, que meu paladar sinta o gosto, que o olfato sinta o cheiro o qual eu procuro. Que se assemelhe ao qual eu procuro e muito anseio.

Parei em um dos bancos por estar cansado demais para seguir. Respirei fundo, senti a brisa, olhei ao fundo, engoli em seco e não ouvi nada. Mais uma vez, estava perdido em meio a essa estrada.

A H
Enviado por A H em 08/03/2013
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