No dia que meus olhos pousaram nos teus certamente aconteceu uma reviravolta na natureza tamanha a força... Tudo sumiu só nós dois permanecemos alí. Um tremor desmedido me acometeu. Um suor frio desceu espinha abaixo. As palavras mal eram balbuciadas. Estava armada a armadilha. Estava selado o destino. Doravante só teus olhos me encheriam de prazer. Doravante cerraria os meus para outro olhar. Cegaria para outros desejos. Ignoraria os galanteios no aguardo dos teus.
E embarco num sonho quase real: A lembraça de teu corpo inerte a dormir ao meu lado transmuta-se e vira vida. Teu respirar, teu olfegar, teu amor, meu... Chego quase a sentir teu suor com gosto de mar...
Mas, até quando saberei caminhar sozinha sem tua luz? Até quando deixarei minha vida em suspenso, pausa... O que fazer se não sei, não consigo esquecer? Por vezes sou ferrada pelo destino e sou forçada a estagnar indefinidamente pela espera de um instante. Um instante onde tudo se esclarecerá. Onde por encanto a névoa que cobre meus olhos será descerrada como uma cortina que se abrisse para a vida.
As cores voltaraõ a brilhar, os cheiros se acentuarão, o desejo voltará forte, só então terá seqüencia a vida. Respostas serão respondidas, afetos remendados, saudades resolvidas, tesão aplacada.
Voltaremos ao ponto de partida. Todos desaparecerão, o tremor voltará, o suor borbulhará só que agora tu estarás ao meu lado para me amparar, guiar e amar para todo o sempre, amém.