Cartas indeterminadas - À dor

Me sinto melhor escrevendo com raiva que com tristeza, ou alegria.

É delicioso sentir o calor na palma da mão. A testa esquentar. Sentir que em algum momento pode escorrer um fio de lágrima, que seja suor pelo canto das mãos, dos olhos todo o ódio em forma de malditas lágrimas.

Olhos ainda arremessando faíscas, seu branco já vermelho. Mal ver as palavras sentidas sendo transcritas, pois saem diretamente pelo sentimento do momento. Este que será transformado em prosa, que seja uma poesia, ou um conto de horror, conto maldito, como o sentimento.

Um maldito conto onde quem morre é por minhas mãos. Criar a magia disso em algo fúnebre e fatal. Poder imaginar qualquer cena, a mais sofrida... Minha alma silenciosa, o espaço quieto, as paredes mudas. E a vítima sangra, pulsa, treme, impõe autoridade falha, derrama choro de criança, esvoaça gritos e manifestos de perdão, pedidos incessantes de socorro, mais um de "Perdão!". E apenas um "Não...". Nossa morte armada, selada por negação. E nosso sangue jorra, agora sussurramos amor e ódio, juntos, em comunhão, como um dia estivemos. E enfim, um ponto final ensanguentado.

Akiw Purple
Enviado por Akiw Purple em 28/02/2013
Código do texto: T4163688
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.