Cartas indeterminadas - Ao trabalho

O trabalho “ordena”

Sobre tudo me vinha a “vontade” de sair correndo dali, mas me bateria a culpa caso o fizesse. Um cúmulo.

Mais cúmulo ainda era imaginar que havia chegado à mesma hora do pensamento e ainda havia 14 horas pela frente. E assim começou a rotina, maldita, maldição minha.

Após dois pés dentro do local me entregaria a minha própria prisão, e o fiz, fui direto para o ócio, limpeza.

Limpamos, eu e outras tolas, toda a loja que continuaria imunda mesmo jogando Alfazema do teto ao chão. E assim era quase literalmente. Hora ou outra via alguém borrifando o tal aromatizante com intuito de não somente purificar, mas com a superstição de eliminar e afastar qualquer “mal olhado” e sabe-se lá o que mais. Apenas pensava comigo ironicamente, “BOA SORTE!”.

Vestida a caráter de qualquer luto fui para a bancada, mesa, balcão, que seja. Ali mexi com alguns cabides, e começou realmente a labuta.

Podia ouvir o som da marcha fúnebre, que delícia, então é isso a vida, o tédio, a competição me vinha logo.

Quando menos esperei, pois nada esperava, era minha vez de ir para a porta esperar algum cliente, bem queria eu que fosse uma casa noturna, ao menos não precisaria mendigar olhares, nisso eu poderia me sentir completa e demasiadamente satisfeita, por mais que fosse apenas aos poucos momentos criados.

Ahhh dias são anos.

Estão sendo marcados, odeio marcar a hora. Mas infelizmente estou sem escolha.

Todas as coisas que amo ficam para o canto quando trabalho, e me deixa mal.

Esses dias foram cansativos mental e fisicamente.

Tão simples e constrangedores!

Pessoas se arrastando em volta de mim e eu rastejando aos pés delas…

Toda a enganação, toda a psicologia barata e sem treino, frustrante, incomodo, pesado e legitimamente ridículo, comercial dentro do comercio. Me sinto uma propaganda enganosa não só para os espectadores, mas principalmente para mim. Me enganar para conseguir enganar os tolos seres que vem para consumir sem saber bem por que fazer aquilo. Obsessão insensata de representar? Não, jamais me deixaria fazer tal coisa para passar por cima de algum ser, ou coisa pior. É apenas o que o mundo pede, não pede, aliás, MANDA!

Mas o que me perturba não são as mentes tolas, são as mentes fortes, patrões e colegas de trabalho. São sempre padronizados. Sempre prontos para atacar, essa é sua defesa, mas nem ao menos sabem, não entendem.

Afinal todos estão ali para garantir o seu, mas o que me pesa é essa sua falta de compreensão, pior ainda, sua falta de interesse para compreender qualquer coisa que seja.

Sempre faço questão de lhes dizer sobre isso, mas nunca tem a devida percepção e atenção.

E sou culpada por querer isso, por achar que todos têm a mesma capacidade de interpretação e percepção que seja, mesmo que de modos diferentes, lógico, mas nem todos pensam assim.

Creio que da mesma forma que eu tenho a capacidade de aprender algo outro também tenha, independente de tempo, e outras ocasiões. O que há é a falta de ou interesse ou motivação. Por isso existe a distinção das cosias. Algumas pessoas motivas para tal coisa, outros motivados para outra coisa, aqui e ali se pode ter influência de algo diferente e tomar outro rumo, melhor ou não tão bom e assim, mas caminha.

O que vale nisso então? O que espero disso tudo? Devo continuar me martirizando assim? Sei bem do preço, sei bem do que vem depois, e por isso continuo, por mais que seja pequeno o resultado, creio que me levará ao lugar certo e ganharei meu prêmio, nada de medalhas, é dinheiro agora, apenas dinheiro. É preciso.

Já foram onze dias repensando isso, tentando ter melhor compreensão, seria eu tola para querer entender? Que seja!

A única coisa que não muda nisso é que percebo o trabalho sendo o ócio de uns, fardo de outros e para a maioria toma o lugar do desvio do tédio.

Sobretudo continuo concordando comigo o que martela na mente, continuo com a dura ideia de que trabalho ordena, mas condena!

Akiw Purple
Enviado por Akiw Purple em 28/02/2013
Código do texto: T4163687
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