Carta de afeto
para ler ao som de I Found a Reason - Cat Power
Fico abrindo essa foto. A verdade que ela me diz é cruel e me deixa complexa.
Hoje não veio, mas pediu um chance pra, quem sabe, amanhã. O que fazer, se todos os dias uma janela se abre e uma porta se fecha? É 27 e ninguém é obrigado a entender que você se deixou. Não é mais você, mas percebe que se contradiz? Procura sempre o passado e espera tanta coisa do futuro que simplesmente não entende que ele já foi. Presente é futuro desgastado, ou gastado com gosto. Desgastar é tão triste. E incrivelmente é o que fazemos quando pensamos sobre o tempo... sem ver que ele passa a todo segundo tomando da nossa mão as possibilidades de algo a mais. Estou cansada dessa janela que não abre e desse fala-fala sem sentido. Sem ação. As vezes parece tão fácil, mas a qualquer sintoma de amor, torna a discussão política. Ei! Eu quero te dar o amor que tenho. Esse afeto guardado e esse seu modo de ignorar e procurar ternura em áreas perigosas me tira o chão. Tanto tenho em mim, que esqueço que me quebras as pernas com qualquer silêncio. Volto a tentar... Eu te conheço tão pouco que me sinto pequena dentro desse mundo profundo que você custa a enxergar. Um dia, não muito longe, vou embora e não vou avisar. Você vai sentir algo e como as vezes diz; "vem cá!"... vai se lembrar dessas cartas em que eu gritava tantas palavras ausentes, para que você se sentisse gente, me sentisse em mente... as vezes que eu lembrei com tanta saudade de quem éramos antes de ser um pouco mais.