UM SORRISO E UMA FLOR.
Imaruí, SC 08 de março de 2007
Mulher, hoje é o teu dia!
E hoje eu quero te dizer: Como e o quanto eu te quero?!
Por ti, eu agradeço todos os dias a Deus essa adolescência maluca e gostosa que ultimamente estamos revivendo, mesmo nesta idade sabidamente há muito amadurecida.
É verdade que já estamos no tempo de colher os frutos do amor, porque eles se encontram sazonados, saborosos e tentadoramente cobiçados.
Vem ó amada, vamos à vindima colher os cachos loucos de amor que nos esperam, pois os nossos lagares já estão prontos para a fermentação de todos os nossos sofridos anseios.
Também é verdade que na adolescência propriamente dita, vive-se geralmente uma paixão cheia de irresponsabilidades e inconseqüências, e todas essas turbulências da tenra idade é bondosamente compreensível, sabendo-se de antemão da sua sonhadora fugacidade.
Ah, como era gostosa aquela efêmera paixão, aquele sentimento de inutilidade e de perda, se não pudéssemos dispor do nosso objeto de paixão, a toda a hora e a todo o instante a nossa mercê, como se fosse algo eterno e totalmente insubstituível.
Quantas loucuras cometidas naquela época, quando a natureza explodia com essa força transgressora da libido, em pulsão sexual e em sonhos intermináveis e impossíveis.
Meu Deus, quando estávamos assim envolvidos não queríamos envelhecer, e não queríamos nem pensar que o dia poderia acabar como também não queríamos que nem o céu chovesse.
Os nossos corações e as nossas almas, também adolescentes, só queriam viver os impactos da libido incoercível da idade.
Quantas saudades dos nossos dezoito anos!
Hoje minha linda, vivemos os mesmos abalos, pois os nossos corações nessa dura idade vivem aos tropeços, e assim, experimentamos também a doce e inexplicável desordem emocional causada pela incurável ansiedade.
Nada é diferente do de antanho, pois apenas as nossas libidos se encontram domesticadas e, de certa forma, elas vivem uma calmaria, ou melhor, uma paz armada e santamente reservada para os nossos embates finais.
Isto porque, atualmente, o que nos envolve e alimenta os nossos sonhos, não é mais a paixão fugaz, aquela que apenas era movida por desejos, mas sim, nos movemos, nos algemamos e nos realizamos com o indizível e com a completude serena do sentimento do amor.
Em vez daquelas turbulências, hoje vivemos uma bonança, quando as nossas águas existenciais se misturam se movem e borbulham mansamente, sorvendo tão somente os plânctons de amor.
Esse sentimento não tem sequer uma característica de paixão, porque ele não é somente movido pela libido, entretanto, ó minha linda, é evidente que estamos dando vazão a um evento sutil e não físico, talvez uma necessidade incompreensível da nossa psique.
Quero dizer, uma correspondência afetiva e docemente amorosa dos reclamos das nossas almas, em ondas de benquerer e pressentimentos que fogem à compreensão normal.
Por que será que elas se querem tanto?
Minha Linda Senhora, se levantarmos os arquivos de nossas memórias verificaremos que, ali estão compactadas as iniciativas em conhecer esse sentimento que inclusive, para tanto, já gastamos muita tinta, muitos papéis e muito Latim, querendo definir o indefinível amor.
Hoje podemos tranquilamente defini-lo sem aquela ânsia normal da juventude, por certo, não precisaremos mais de tinta, de papel e nem do Latim, pois essa definição ou esse fenômeno anímico ou da psique, é decodificado e se encontra milagrosamente e presentemente em nossos olhos.
Por isso é que te digo sempre assim minha linda: quando os meus olhos se envolvem com os teus olhares, nós não nos envolvemos com mais nada, porque estamos totalmente envolvidos de olhos, de corações e de almas.
E o teu doce e meigo olhar, é a minha convicção da simplicidade e autenticidade do teu amor.
É como se houvesse um encontro singular, talvez até seja metafísico, assim como o convexo se acopla no côncavo ou o Yin no Yang, mas para falar a verdade e deixar essas nomenclaturas holísticas de lado, tenho a plena consciência de que o nosso encontro foi existencialmente, a junção equilibrada do “Eu” e do “Tu” que a muito se procuravam.
Minha Linda, esta cartinha está ficando árida e enigmática, e eu não precisava de todas essas sutilezas e dessa dialética existencialista para somente te dizer o seguinte:
Como e o quanto eu te quero?!
É evidente que eu tenho necessidade de te dizer tudo isso, hoje e sempre, porque dessa forma homeopática e teimosa, eu implanto esse mantra na minha psique para não te esquecer jamais.
Se te quero, isso é desnecessário te afirmar com mais freqüência ou com mais veemência, mas para não tangenciar a verdade, o fato é que tenho necessidade de ti, ou melhor, eu te preciso sempre junto a mim.
Adoro-te, isso é um fato!
Amo-te, isso eu confesso!
O teu sorriso para mim é uma flor, os teus lábios são os caminhos encantadores da sedução, o teu corpo é a projeção dos meus sonhos lúbricos que, um dia, não sabemos ou não lembramos quando e nem onde fomos separados – talvez tenhamos que perscrutar muitos séculos.
Por certo que, em algum lugar do passado já tenhamos sido íntimos de nossas almas, de cuja feitura dos corpos ou das matérias, se é que eles realmente existiram, posto que, isso nós o ignoramos totalmente.
Mas o que importa e é interessante para nós, é o “aqui e agora”, não devemos nos preocupar com o passado, porque ele não existe mais, foi e é simplesmente passado.
Também não devemos cismar com o futuro, pois ele não existe, porque ainda não aconteceu.
Devemos sim, viver plenamente o presente, ele existe e nós estamos inseridos nele, o presente é uma linha do tempo que separa o passado do futuro, isto quer dizer que esses dois eventos do tempo são simples abstrações.
Eu estou te amando no presente, e vou ficar sempre no presente para poder te amar de forma presente.
Nada haverá de nos separar, nem sequer o tempo, pois ele não existe e é apenas um referencial transitório dos humanos.
Minha Linda, nós devemos amar sem tempo, porque o nosso amor é um continuum... (infinito).
“A natureza ama esconder-se”, pois foi lá que encontrei a inspiração para te escrever esta cartinha.
Sempre teu!
Beijos.