EQUÍVOCO IMINENTE
Naquela noite não nutria nenhuma expectativa, seria mais uma noite vazia e triste como tantas outras, onde o lugar poderia facilmente camuflar sentimentos ou expor pessoas com suas vaidades exacerbadas.
A música de ritmo frenético e constante na pista de dança, naquele momento era uma droga aos meus sentidos... e em meio a tropeços, tentei me equilibrar em alguém ou alguma coisa, driblei copos e corpos e enfim respirei o ar fresco e gélido daquela noite. Suspirei profundamente. Então seus olhos me encararam e solidariamente ele me estendeu a mão, amparando-me. Com um sorriso sem graça, agradeci. Não consegui desviar o olhar, pareciam tão distantes.
Sem que percebesse continuei a observá-lo minuciosamente, cada detalhe.
Um homem bonito, de traços rudes; o contorno do seu rosto era bem definido com fortes linhas de expressão e uma barba grossa que lhe dava um ar intenso da sua masculinidade. Nesse momento, baixei os olhos, me intimidei. Sua voz rouca me disse algo tão próximo de mim e ainda assim não pude decifrar, aos poucos meus pensamentos me intrigaram e me questionei...Como será o sorriso deste homem?
Com a claridade da lua percebi seus olhos claros disfarçando sua indiferença, mas não me impediram de admirar sua beleza... equívoco iminente...manipulei meus instintos e ignorei minha intuição.
Com o vento da madrugada senti meus cabelos voarem...uma doce sensação de liberdade...deixei enfim que tocasse meus lábios e com meus sentidos libertos, meus pensamentos voaram em busca de algo perdido...Triste ilusão... Agora era tarde demais.
Drica Barreto