Desejos do coração
Eu quero sim alguém que me ajude a me desligar dessa dor. Mas aí, eu mesmo me questiono: quem vai aceitar ficar com alguém que tem outrem em sua memória e em seu coração? Quando até uma tatuagem se desfaz bem mais fácil do que um sentimento que, por muito tempo, fez alguém mais vivo? Aquele sentimento incondicional pelo qual alguém lutou, bravamente, com todas as suas forças? Abusando de todas as possibilidades que ainda existiam para que tal história pudesse ser salva. E no fim somente viu que todas as batalhas, inclusive as vencidas, foram em vão? Já que nessa “guerra sem tropa” não houve vencedor? Apenas perdedores. Já que, por mais que uma das partes esteja bem, ou aparente muito bem assim estar, a outra ainda continua morrendo aos poucos. Sem já não saber mais o que fazer. No que pensar. Como chegar junto ou simplesmente esquecer. Difícil demais quando levamos muito tempo para aprender. Aprender a nos desligarmos do que faça algum mal. Mas quando isso acontece, tem de ser definitivo, não? Melhor é podermos tirar algum proveito, um aprendizado que seja, dos momentos em que algumas lágrimas desabarem. Tal qual nosso corpo, aparentemente e, externamente, ainda de pé. Quando o nosso interior já está morto. E nos deixa cada vez mais distante da desejada paz que se foi quando alguém também foi embora. Hoje, desejo que mais nada permita que se apague de meu rosto o meu sorriso. Afinal é a maior riqueza que possuímos. E não custa nada. Para quem o dá e muito menos para quem o recebe. E é o que pode fazer muito bem. Especialmente a quem já não acredita mais em ninguém. E não por não ser capaz disso. Mas pelas circunstâncias terem provado exatamente o contrário quando ainda se era capaz.